É unanimidade que o que mais se busca nos relacionamentos hoje em dia é a fidelidade. Busca-se mais a fidelidade do que o Amor, que colocaram em segundo plano. O Ego de sentir-se único de alguém foi colocado acima do próprio sentimento que deveria ser o escopo de todo relacionamento cuja pretensão digne-se em usar o mantra “amar”. Há pessoas que não se importam tanto em estar com alguém que não amem desde que esta pessoa lhes seja fiel. O oposto do Amor não é o ódio mas o medo, e estão vivendo uma relação “de Amor” norteada pelo medo pois o medo de ser traído obscureceu o Amor. A preocupação maior das relações atuais está focada mais em não ser traído do que em expressar o Amor que sente (ou deveria sentir) pelo outro. Quando se pergunta a alguém: “o que você espera de alguém em uma relação?” a primeira resposta é: fidelidade. Depois aparece o “alguém que me ame” e uma ínfima parcela declara “alguém que eu ame”.
Algumas pessoas preferem mais estar com uma pessoa que não lhes seja uma ameaça de traição do que estar com quem realmente gostam. É o caso da pessoa que prefere estar com alguém mais feio e sem graça e que não seja disputado do que estar com quem realmente gosta mas que lhe apresente perigo. Novamente percebe-se que o medo domina a pessoa. O apego lhe gerou o medo de perder então prefere viver uma angustiante paz com alguém que goste menos do que viver receoso com alguém que goste de verdade. Este tipo de relação é a pior possível, norteada por medo e não por Amor. Está com a pessoa não porque a ama, mas porque ela não lhe representa perigo. Passam a se enganar dizendo a si mesmos que amam e vivem uma vida morna e um relacionamento morno. O conforto da certeza de não ser traído está colocado acima do próprio Amor.
Existem níveis e níveis de consciência entre as pessoas e não há como negar isto. A consciência de alguns acusa para coisas mínimas enquanto para outros nem para os crimes mais diversos dá sinal. O fator religioso com seu princípio de controle também orienta em como a pessoa vai lidar com a fidelidade. Não se trata aqui de dizer que a religião impede ou não a traição ou que alguém não trai por medo do inferno, mas que as pessoas realmente clamam para que alguém lhes diga o que fazer esperando listas de “faça” ou “não faça”, o que implicará não em ser fiel ou não, mas como ser fiel. Basta ver que em relacionamentos as pessoas pedem listas do que podem e do que não podem fazer, justamente porque não tem consciência para discernir o que devem e o que não devem fazer.
Para alguns ser fiel é apenas não ter contato físico com outra pessoa. Acham que trair é o ato de inserir partes físicas no corpo de outrem e por um critério residual do taxativo vivem onde o que não for isso não é traição e aí entra a questão das mulheres russas e como elas dignamente interpretam e vivem isso. O ideal de fidelidade das mulheres russas é realmente algo a se admirar. Neste ideal está presente a lealdade. Se uma russa é comprometida e um conhecido ou amigo começa a flertar com ela, sumariamente ela interrompe a conversa alertando que é comprometida e que se ele quiser continuar a conversar com ela deverá interromper aquele tipo e modo de abordagem. É a idéia da lealdade dentro da fidelidade. No Brasil a mulher se deixa seduzir pelo elogio e deixa o flerte acontecer pois a sua idéia de fidelidade é a física. Pensa que como não houve o contato físico com a outra pessoa não houve traição.
O cenário é da necessidade de auto-afirmação das mulheres que precisam de elogios, coisa que as russas não fazem questão pois sabem muito bem quem são. Tecnicamente, para a cultura do brasileiro ouvir flerte não é traição e se uma pessoa namora e outra começa a dar em cima dela isto não é traição pois ela “não fez nada, só ouviu”. Para as russas isto muda no momento em que elas, comprometidas, sabem que devem lealdade ao seu namorado e a lealdade não está apenas em contato físico. Para as russas não existe apenas a “traição por ação” mas também a “traição por omissão” que é uma forma de traição de se deixar envolver por outra pessoa de outra forma que não seja necessariamente a física.
A questão da maturidade das mulheres russas também faz com que sejam mais fiéis. No Brasil, no meio urbano principalmente, há mulheres que mesmo passando dos 20 ainda pensam que são meninas. Gostam de se vestir como meninas, falam como meninas, escrevem como meninas e vão em festas de meninas e isso faz com que em relacionamentos também ajam como meninas. Na Rússia as mulheres completando 18 anos já vão morar sozinhas. Bancam as próprias contas e lavam a própria calcinha. Moram sozinhas em apartamentos na mesma cidade em que moram seus próprios pais. Naturalmente que quando ocorre um problema elas terão que resolver por conta própria ao invés de correr para debaixo da saia da mãe. Isso as torna leais porque há transparência na relação, ocorre o problema na relação e elas abrem o jogo com o namorado.
No Brasil as mulheres não enfrentam o conflito no relacionamento como deve ser enfrentado. Se há um problema com o namorado ao invés de falar com ele falam com a mãe ou com as amigas; como esperando que falando com terceiros pudessem realmente solucionar o problema. Conflitos são solucionados sempre em composição, as pessoas envolvidas devem conversar e buscar a solução, não jogar a responsabilidade para terceiros. A falta de maturidade em encarar a vida e o relacionamento afastando de si a responsabilidade por sua própria vida e transferindo para outros as decisões que deve tomar vai criando uma relação fundada em areia e que a qualquer ar pode vir a ruir.
Mulheres russas usam menos a internet do que as brasileiras. Russas são muito ocupadas e passam grande parte do tempo estudando; tanto os estudos acadêmicos como os extras. O tempo em que usam a internet é menor do que o das brasileiras. Assim como a vida é uma ilusão da percepção dos sentidos e interpretação cerebral, a internet é mais ainda. As pessoas no Brasil vêm abandonando e desistindo de relacionamentos que tinham tudo para dar certo pela ilusão criada pela internet. A pessoa namora ou gosta de alguém e basta que esta pessoa não lhe de um “oi” no msn durante o dia, não ligue para mandar um “beijo” e não mande um SMS para que ela já sinta-se abalada. Pensa que isto não importa pois ela terá mais 500 contatos no orkut que lhe darão o “oi” que a outra pessoa não lhe deu e terá mais 500 contatos ali no msn que lhe satisfarão a carência de atenção. Isso acaba criando ilusões de infinitas possibilidades e assim a pessoa não trabalha em sua própria relação.
No Brasil as mulheres deixam de fazer a sua parte na relação se a outra parte não fez, pois na internet existem infinitos homens pagando pau pra ela, puxando o saco e babando ovo. Com as russas não ocorre isso. Conversando e convivendo com russas percebe-se que elas sabem colocar os pés no chão quando usam a internet e tem perfeita ciência do que é a sua vida real e a virtual e isso influirá na questão da lealdade ao ponto em que sabendo que não importa a quantidade de homens que estejam rastejando por ela na internet e sim o seu relacionamento ela irá se dedicar mais à relação e com isto será mais fiel e mais leal. Com as russas existe a manutenção da relação não importando se o namorado não deu atenção e se existem mais 500 homens no orkut e no msn que a acham bonita. Se uma russa não teve sua carência afetiva satisfeita no dia pelo namorado ela não irá procurar satisfazer isso com um contato pela internet mas irá esperar pelo namorado, mesmo que isto gere carência afetiva.
Na Rússia e em países desenvolvidos a mulher tem menos necessidade de bater de frente com o homem em defesa de seu espaço, isso cria menos tensão na relação e havendo menos tensão há mais transparência e assim mais fidelidade. No Japão as mulheres fazem curso de dona de casa antes de casar para aprender os afazeres domésticos como lavar, passar e cozinhar. Na Alemanha quando as mulheres estão grávidas elas abandonam o emprego para ficar em casa e cuidar de seus filhos, pois elas sabem da importância da criação na 1ª infância e dizem: “filho meu sou eu quem crio”. Nos Estados Unidos as mulheres têm orgulho de dedicarem a sua vida ao lar e cuidar de seus filhos e seu marido. Nos países desenvolvidos um dos alicerces da sociedade é a família e para haver família é preciso uma mulher que seja esposa e mãe.
Nos países desenvolvidos as mulheres não vêem problemas em cozinhar. No Brasil as mulheres da nova geração relutam fervorosamente em cozinhar, como se preparar alimento para a comunhão familiar fosse o maior dos crimes de guerra, contra a paz e contra a humanidade. Não Brasil o que mais se vê é mulheres manifestarem alegria ao dizer “só sei fazer miojo e ovo frito hehehe”. No Brasil, país atrasado que é, ainda existe a questão da “formalização da relação”. A pessoa está saindo com a outra, se conhecendo, se envolvendo e às vezes até “ficando”, mas se não há a formalidade do “estamos namorando” ela não se importa em ficar com outra pessoa, pois “não estava namorando, então pode”. Isto mostra um tremendo atraso tanto cultural como interior. Falta de desenvolvimento de alma mesmo, tanto de homens como de mulheres que agem assim. Nos países desenvolvidos não ocorre isso.
A pessoa é fiel até com quem está saindo, pois é fiel aos seus sentimentos, enquanto no Brasil são fiéis às formalidades. “Estou oficialmente namorando = sou fiel” / “Não estou oficialmente namorando = posso ficar com quem quiser e posso fazer o que quiser”. Infelizmente aqui é assim. Esta questão influi diretamente tanto na fidelidade quanto na relação. O fundamento de uma boa relação é o seu começo. Se durante o início de um relação, enquanto o casal saía, se conhecia, ficava, um ficou com outra pessoa “porque não estavam namorando”, é melhor nem tentar nada depois, pois isto já mostra a falta do nível de consciência da pessoa. Para ser fiel e leal não precisa haver formalidades, basta seguir o próprio coração e à medida que um casal começa a sair e só “porque não estavam namorando” um ficou com outra pessoa, isto já demonstra que esta pessoa tem um nível de consciência digno de um membro do reino mineral.
Um relacionamento deve começar e terminar com honestidade e um relacionamento não começa somente a partir do momento que um colocou a aliança no dedo do outro ou quando pediu em namoro, mas já a partir do momento que um começa a sentir algo pelo outro. O ser humano, como microcosmo, é uma entidade complexa. A grosso modo possui um corpo físico, emocional, intelectual e espiritual. Para algumas pessoas, principalmente no Brasil, a traição se dá apenas no plano físico, no contato de corpo, enquanto em outros países, mais desenvolvidos, com ideal de nação e grande cultura, é observado os outros planos. No Brasil as pessoas dizem a si mesmas que são fiéis mesmo que quando não estão com a pessoa passem boa parte do tempo flertando com alguém no msn, no orkut ou no celular.
Não raro é ver brasileiros comprometidos que ao sair passam a noite toda tentando ficar com alguém, não conseguem por incompetência e depois voltam para casa achando que são fiéis. Percebe-se ainda que não sentem remorso algum com isso, realmente se sentem bem, a consciência não acusa e não acusa porque é atrasada e involuída. Ser fiel é mais do que não encostar células nas células de outra pessoa. Ser fiel é ser leal e não existe fidelidade sem lealdade. A pessoa leal tem responsabilidade com a causa. Ela não apenas sabe de seu dever com alguém mas também com o que representa a relação com esta pessoa e existe o compromisso com a causa da qual ambos fazem parte. Quem é leal sabe que deve preservar o que está sendo construído, seja uma empresa, uma obra ou uma relação e seus alicerces serão mais seguros do que aquele que é apenas fiel na parte física da existência.
O leal não é fiel apenas à pessoa, mas é fiel ao relacionamento. A lealdade é mais um ato de consciência do que de obrigação como a fidelidade. Para ser fiel não é preciso pensar, basta seguir o que a sociedade ditou: não ter contato físico. A pessoa leal transcende a estagnação da moral social. Ela alcançou um novo plano de realidade onde consegue ouvir a si e seguir a si mesmo. Fidelidade é importante, mas não deve ser uma obsessão. Ninguém deve deixar de sentir o Amor que sente por alguém por receio de ser traído. Cada um deve fazer a sua parte independentemente que o outro faça a parte dele. Se alguém se dedica a outro, sendo fiel, leal e a outra pessoa vir a ser infiel, não importa, o que importa é saber que fez a sua parte, além do que, tudo tem um fim.
Se uma relação vai durar 3 meses, 3 anos, 30 anos ou a vida toda não faz diferença, haverá o fim e o que importa é viver o presente. Se está com a pessoa no dia não há para que se preocupar se amanhã ela será infiel, deve-se viver o momento. As pessoas peidam pra todo lado as frasezinhas dos filmes, “carpe diem” e aquela “quem sou eu? Eu sou este momento”, mas vivem escravos do passado e do futuro. Suas fascinações com estas frases nada mais são que flatulências mal resolvidas que fazem estrago no”momento e depois nem lembram mais. Se no futuro a pessoa vir a trair cada um pode escolher o que fazer, se quiser perdoar perdoa, se não quiser é só terminar e pronto; mas não dá pra viver preocupado em ser eternamente único na vida de alguém. Viver com medo não é vida, da mesma forma que viver sem amar também não é. Mas é melhor passar 3 meses com uma pessoa que ame de verdade e tendo receio de ser traído do que passar uma vida inteira com alguém que não ame só porque não corre o risco de ser traído.
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