Os brasileiros dizem que os americanos são capitalistas. Entretanto, não existe povo no mundo inteiro mais capitalista que o brasileiro. As relações entre os brasileiros giram sempre em torno do capital; tudo é capitalizado. Para os brasileiros as pessoas têm um valor baseado no quanto podem lhes ser útil. Com base nesse valor – maior ou menor em razão da utilidade prática de cada um – se estabelece o nível e a profundidade da relação pessoal entre os brasileiros. É desta forma que o brasileiro suporta mais, respeita mais, tolera mais e se dedica mais aos mais ricos, famosos, poderosos, populares e de boa aparência do que aos pobres, desconhecidos, impopulares, sem poder e sem boa aparência, pois os ricos, famosos, poderosos, populares e de boa aparência podem lhes render mais. Os brasileiros capitalizam as pessoas atribuindo-lhes valor e consequentemente capitalizam suas próprias relações pessoais de forma que estas acabam sempre precisando render. Para o brasileiro a relação com os pobres, desconhecidos, impopulares, sem poder e sem boa aparência são relações dispensáveis, pois não rendem.
O brasileiro, por ser afastado da espiritualidade, vive a vida inteira com medo de ficar sem recursos financeiros em um futuro qualquer e assim estabelece uma vida de sobrevivência objetivando apenas adquirir recursos financeiros. O brasileiro está o tempo todo preocupado em ganhar dinheiro para guardar para o futuro. O Brasil é o país onde as pessoas trabalham para não ter que trabalhar, onde as pessoas vivem suas vidas trabalhando todos os dias com sua mente focadas na expectativa de quanto tempo ainda terão que suportar o trabalho que realizam para que então possam deixar de trabalhar e viver apenas para satisfazer seus sentidos físicos, seja vivendo de uma aposentadoria, de aplicações financeiras, de aluguéis de imóveis, de qualquer renda ou de qualquer coisa que lhes permita não ter mais que trabalhar. Naturalmente que um país onde o povo trabalha para não ter que trabalhar não pode chegar a lugar algum. O trabalho, que deveria ser motivo de alegria, satisfação e realização pessoal, é um fardo para o brasileiro e quando não o é é apenas suportado pela recompensa financeira.
Os humanos têm um senso de justiça extremamente bestial e cômico onde acham que podem orientar suas condutas em relação aos outros humanos para que estes “aprendam” lições que não lhes compete aplicar. Os humanos acham que são Deus e que podem aplicar aos outros as lições que competem à Espiritualidade aplicar. Todo ser evoluído no Universo sabe que não precisa e que não lhe compete dar uma de Deus e julgar as pessoas aplicando “lições” relacionadas à evolução espiritual. Todo ser evoluído no Universo sabe que isto compete à Providência Divina, à qual é bem assistida e representada pelas entidades cósmicas, aplicar as leis divinas, principalmente a de ação e reação, na Criação. Não compete ao ser humano que possui recursos financeiros para tal deixar de ajudar financeiramente alguém para que este “aprenda a lutar pelo próprio dinheiro”, “aprenda a dividir as despesas”, “aprenda a ir atrás do que quer” ou qualquer outra justificativa fútil e covarde. Quem fará uma pessoa aprender é a Espiritualidade, não o ser humano dando uma de Deus achando que sabe o que é melhor para o próximo.
O desejo humano de dar uma de Deus julgador dos outros seres humanos está sendo usado para ofuscar o próprio estado de involução espiritual da humanidade. As pessoas dizem umas às outras: “Pode contar comigo”, mas sempre esquecem de terminar a sentença com o “, mas não peça o meu dinheiro”. Pessoas absurdamente mesquinhas, tacanhas, apegadas ao dinheiro e que vivem com medo de ficar sem dinheiro no futuro não aceitando dispor dinheiro algum em favor do próximo justificam a sua mesquinharia, a sua tacanhez, o seu apego ao dinheiro e o seu medo do futuro com o papo de “justiça” onde nas despesas em comum com outrem o valor de tais despesas deve obrigatoriamente ser dividido de forma “justa” entre os que usufruem de tal benécia. É o caso em que a pessoa tem dinheiro suficiente e sobrando para pagar o combustível do automóvel para um grupo de pessoas ir à uma experiência espiritual e exige que todos “ajudem” no valor do combustível dividindo “por justiça” o valor da despesa do combustível. Em verdade tal dinheiro recebido não faz pessoa alguma menos pobre, lhe faz mais.
Se uma pessoa tem dinheiro suficiente e sobrando para pagar o combustível do automóvel para um grupo de pessoas ir à uma experiência espiritual e mesmo assim cobra dinheiro para o combustível por uma questão “de ajuda”, “de justiça” ou qualquer outra desculpa da mente ela não está servindo à Espiritualidade. As pessoas que servem à Espiritualidade não são “justiceiros” aplicando a “Justiça Divina” e jamais acumulam recursos financeiros, objetivam segurança financeira ou se preparam financeiramente para o futuro. Onde há a cobrança de qualquer coisa para qualquer coisa relacionada à Espiritualidade não há a prestação do serviço à Espiritualidade e se não há a prestação do serviço à Espiritualidade não se está inserido na mesma. Uma pessoa a serviço da Espiritualidade sabe que todos os recursos financeiros que tem não são dela, mas lhe são disponibilizados pela Providência Divina não para ela usufruir e “ser feliz”, mas para que possa fazer o trabalho da Espiritualidade na Terra e é nisto que os recursos devem ser utilizados. Se a Espiritualidade vai suprir não há porque acumular.
Tudo no Universo é equilíbrio e assim como há a compensação que se orienta para aquilo que se entende como negativo (quando alguém “sofre” por algo) há a compensação que se orienta para aquilo que se entende como positivo (quando alguém recebe qualquer coisa em sua vida que possa traduzir como felicidade). Aqueles que servem à Espiritualidade podem vir a vivenciar a compensação que se orienta para aquilo que se entende como positivo e desta forma podem vir a receber coisas em suas vidas que possam traduzir como felicidade, como jamais passar fome, jamais ficar desabrigado, jamais desenvolver câncer, jamais sofrer um grave acidente de automóvel, jamais ficar tetraplégico, jamais desenvolver Alzheimer e jamais desenvolver qualquer doença ou passar por qualquer coisa que comprometa sua saúde física, emocional, intelectual e espiritual. Não obstante, todos estes benefícios de servir à Espiritualidade deixam de existir na vida de uma pessoa quando ela cobra qualquer coisa de alguém para qualquer coisa relacionada à Espiritualidade, principalmente dinheiro, inclusive a “ajuda de custo”.
Quando uma pessoa cobra qualquer coisa, seja dinheiro – inclusive a “ajuda de custo” – ou qualquer outra coisa, de outra pessoa para qualquer coisa relacionada à Espiritualidade aquela está se desvencilhando do trabalho da Espiritualidade e uma pessoa não pode receber o salário de uma empresa para qual não prestou serviço. O pior não é uma pessoa deixar de receber o “salário” da Espiritualidade por ter cobrado qualquer coisa de outra para qualquer coisa relacionada à Espiritualidade, o pior é ela deixar de fazer parte do que aquela pessoa da qual ela cobrou qualquer coisa veio a gerar para o mundo. Se uma pessoa, tendo dinheiro suficiente e sobrando para pagar o combustível do automóvel para uma viagem de um grupo de pessoas ir à uma experiência espiritual, cobra de outra a “ajuda de custo” para a viagem na qual esta pessoa desperta para algo que a fará desenvolver algo que despertará outras pessoas para a Espiritualidade e fazer do mundo um lugar melhor aquela pessoa que a levou até tal experiência espiritual não terá coisa alguma a ver com aquilo, pois ela cobrou e ali anulou a sua ajuda.
Na Espiritualidade a compensação que se orienta para aquilo que se entende como positivo não diz respeito somente à conduta direta de uma pessoa, mas também a conduta indireta de terceiros. Uma pessoa pode não ser o autor direto de um trabalho espiritual que ajudou a tornar o mundo um lugar melhor, mas ela pode ser a pessoa que deu carona ao autor direto do trabalho para levá-lo à experiência espiritual que despertou nele aquele trabalho e assim mesmo não sendo o autor direto de tal trabalho tal pessoa receberá também da Espiritualidade a compensação que se orienta para aquilo que se entende como positivo, pois ela foi necessária naquele trabalho, pois foi por sua carona que aquela pessoa que se tornou o autor direto do trabalho foi à experiência espiritual que nele despertou tal trabalho. Se a pessoa que deu a carona tivesse cobrado a carona, mesmo que com a desculpa da “ajuda de custo”, ela estaria se desvencilhando do trabalho da Espiritualidade e coisa alguma da Espiritualidade lhe abraçaria, eis que a Espiritualidade não precisa de pessoas que cobrem qualquer coisa para as suas coisas.
É certo que o brasileiro não é um dos seres mais inteligentes do planeta Terra e somando a infeliz limitação intelectual do brasileiro ao seu estado medíocre de evolução espiritual resulta-se na conduta do brasileiro que mesmo tendo dinheiro suficiente e sobrando para pagar o combustível de uma viagem para um grupo de pessoas ir à uma experiência espiritual prefere cobrar uma “ajuda de custo” de um valor insignificante – valor insignificante cujo seu medo de deixar de ter dinheiro fixa como necessário na existência de seu espírito – do que se inserir no trabalho da Espiritualidade e assim vir a usufruir da compensação da Espiritualidade que se orienta para aquilo que se entende como positivo em sua vida. Às vezes aquele valor irrisório que se cobra de alguém a título de “ajuda de custo” para que este alguém possa ter uma experiência espiritual é o que custaria o livramento de um câncer ou da tetraplegia decorrente de um grave acidente de trânsito que a Espiritualidade teria salvo se a pessoa estivesse a seu dispor fazendo o seu trabalho na Terra. Eis a insanidade de trocar o trabalho para a Espiritualidade por dinheiro de fato desnecessário.
A Espiritualidade não está em procurar desculpas mentais para justificar a cobrança de dinheiro das pessoas que objetivam ter uma experiência espiritual, a Espiritualidade está em ter prazer em poder ter dinheiro para proporcionar experiências espirituais para as pessoas que às buscam. A Espiritualidade não é ter tudo, a Espiritualidade é coisa alguma faltar. A Espiritualidade não está em um banquete no final de semana, mas no pão de cada dia até o último suspiro de vida. A Espiritualidade não está em ter muito dinheiro, a Espiritualidade está em jamais ter que sofrer por coisas que todo o muito dinheiro que se teve não pôde resolver. O Universo está em perfeita harmonia e cada um colherá o que plantar se impedir que uma pessoa deixe de ter uma experiência espiritual por não ajudar com dinheiro na “ajuda de custo” de fato desnecessária do procedimento para a efetivação de uma experiência espiritual. A moeda da Espiritualidade não é a mesma da Terra. Na Terra há ricos pobres e pobres ricos. Aquele valor irrisório da “ajuda de custo” pode valer e custar muito mais do que se imagina.
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