Pra quem teve uma infância que não se resumia a tirar fotos para por no orkut e em flog e passar a vida no msn mandando porco que dança bem sabe o que era o tempo dos verdadeiros filmes de terror, a época de Cine Trash, anos 70 e 80 com os filmes de terror e principalmente os clássicos dos filmes de zumbis. Resident Evil surgiu justamente com esta temática de medo, terror e necessidade de sobrevivência; aquela sensação de medo de que uma simples mordida de um zumbi poderia causar a transformação, o instinto de sobrevivência seja aonde for e toda esta temática criou um dos maiores jogos da história.
Acontece que Resident Evil deixou de ser um jogo de terror, medo e sobrevivência e se transformou em mais uma palhaçadinha de um jogo de ação; nada menos que para agradar a nova geração dos miguxos, dos “encomoda”, dos “huahuahua”, tanto é que foi preciso colocarem tutorial no jogo. A pessoa está em muro, deve passar para outra parte e é preciso que apareça um “jump” na tela senão ninguém se vira mais. Os zumbis não são mais zumbis, são drogados. Para quem assistia filmes de horror (“A Noite dos Mortos Vivos”, “Fome Animal” e etc.), assim como quem já ouviu falar da lenda dos zumbis africanos, sabe que zumbis são essencialmente lentos, tolos, rastejam, andam devagar, não falam, apenas gemem e conseguiram acabar com isso.
Agora se tem drogados que conversam, gritam, falam palavrões e se tu pegares um tabuleiro de xadrez para apostar eles até topam. O que é uma das maiores piadas que fizeram com a série. Horror com zumbi é isso: a tensão de que mesmo eles sendo lentos poderiam, pela maioria, te fazer algo; não isto de você entrar num ambiente e de repente aparecer uma foice na tua face com alguém gritando “hijo de puta!”, “carajo” e outros. O que antes era sobrevivência, que era você, lutando pela sua própria vida, no maior instinto de vida que a vida pode ter, agora é um americanozinho com bandeirinha dos Estados Unidos lutando contra os vilõezinhos mauzinhos de outras nações; o que nada mais é que uma mensagem subliminar de conquista do império americano.
Os americanos são sempre os heróis, os outros são os vilões e isso somente a geração dos miguxos é que aceita. Com certeza isso na geração que criou Mortal Kombat, Street Fighter, Zelda, Sonic e Strider não seria engolido mas como hoje se engole tudo que se vende fizeram isso com Resident Evil; o que é uma pena. Infelizmente, Resident Evil acabou no 3, pois no 4 quando começa essa baboseira de salvar filha do presidente qualquer um que saiba escolher o que joga desliga o video-game e sei lá, vai assistir 24 Horas que é a mesma coisa. E o mais interessante: Resident Evil acabou e se transformou após o 11 de setembro.
Depois do 11 de setembro ao invés de ser um jogo de terror, onde tu tens que salvar a tua própria pele de zumbis, tu agora és um americanozinho bonitinho, arrumadinho, ultra-mega-super-hiper-zaz-trás-equipado com laser e que deve salvar o mundo dos não-americanos maus (só faltou colocarem zumbis vestidos de vermelho e portando uma foice amarela). A parte do RE4 que aparece o troll, faz qualquer criança de 5 anos dar pulinhos “Oba, to em Hogwarts, traga o Nescau, mamãe!” e consegue ser mais estúpida ainda quando o cachorrinho (que antes você havia, como um bom cidadão americano, soltado) vai te ajudar.
Tanto pelo clima de sobrevivência, de medo e terror, que conseguiram extirpar da série, como a transformação de zumbis em drogados, os tutoriais, transformaram Resident Evil numa vergonha que dá vontade de mandar e-mails para a Capcom: “Parem de fazer jogos de Resident Evil”.
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