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  • Rudy Rafael

Alonso não tem mais lugar na F1

Fernando Alonso, na busca pelo seu tricampeonato mundial de Fórmula 1, ao não conseguir alcançar o seu objetivo de ser campeão, fez coisas muito (muito mesmo) feias e que com toda certeza causam repúdio a todos os cidadãos de coração puro e que naturalmente se revoltam contra as coisas feias que acontecem no mundo. Alonso, ao chegar na última corrida da temporada como líder da competição e após passar praticamente todo o GP de Abu Dhabi atrás do russo Petrov, que foi decisivo na definição da pontuação de Alonso na corrida e na classificação definitiva do mundial de pilotos, ao encontrá-lo no término da corrida não deveria jamais ter demonstrado qualquer repúdio à conduta daquele que não tendo mais ambição alguma no campeonato e na corrida se propôs a ficar em sua frente e assim impedir-lhe de aproximar-se das posições que lhe colocariam na disputa real do título contra Vettel. Alonso, que acabara de perder o título que lhe igualaria a Senna e Piquet, deveria ter agradecido a Petrov.

Ao terminar a corrida e avistar Petrov, deveria ter chamado a Ferrari no rádio, perguntado como se dizem mensagens formais de agradecimento a chefes de Estado em russo, descido do carro, tirado o capacete e as luvas, ajoelhado-se colocando o joelho direito no chão, abaixado a cabeça, saudado a Petrov e beijado-lhe às mãos, agradecendo-lhe e parabenizando-o pelo fabuloso e importantíssimo 6º lugar na corrida. Alonso deveria também parabenizar-lhe pelos seus princípios extremamente competitivos e que enobrecem o esporte. Petrov em todo o tempo que ficou à frente de Alonso teve como único objetivo impedir que Alonso o ultrapassasse. Durante todo a corrida, em momento algum Petrov tentou ganhar posições e é exatamente este o objetivo principal da F1: não deixar ultrapassar. Acelerar, ser agressivo, imponente, buscar a ultrapassagem e ganhar posições e a vitória são condutas secundárias. Na F1 não se deve lutar para ser o primeiro e Petrov em uma fabulosa corrida soube expressar muito bem isso.

Alonso chegou na última corrida do campeonato com o melhor carro de toda a competição, o mais rápido e foi somente por ter o melhor carro que conseguiu tal proeza. Se a Ferrari dependesse de Alonso para disputar o mundial de pilotos estaria fadada ao anonimato, pois Alonso não é nem de longe o melhor piloto atual da F1. Não é Alonso o mais aguerrido, o mais apaixonado pela vitória, o mais agressivo, o que a todo tempo busca a ultrapassagem e ganhar posições e aquele que mais dá o sangue pela busca do primeiro lugar e é justamente por isso que Alonso não pode jamais querer tirar de si toda a responsabilidade pelo fracasso do vice-campeonato mundial na última corrida do campeonato. Além disso, o circuito de Abu Dhabi é repleto de pontos de ultrapassagem e Alonso só não ultrapassou Petrov porque não tem capacidade para isso. Pra quem acompanha a F1 foi muito mais interessante que um concorrente ao título passasse toda a corrida atrás de alguém que não estava ali para nada do que se estivesse entre os líderes disputando cara-a-cara o título.

As coisas feias que Alonso faz não se limitam à atitude em relação a Petrov. Alonso também é mau (muito mau mesmo) com Felipe Massa. Alonso chega ao cúmulo da maldade em querer ser o primeiro piloto e ter atenções especiais da equipe e além de ser mau é incoerente. É óbvio que um piloto que quer ser campeão não deve querer prioridade da equipe. É natural em qualquer trabalho do mundo que esforços divididos produzam mais resultados que esforços focados, de onde é completamente compreensível que uma equipe trabalhando para dois pilotos produza e renda melhor do que se estivesse focada em trabalhar apenas para um piloto. Além disto, em um campeonato mundial de pilotos, dois pilotos podem ser campeões e assim não há necessidade de querer atenção e primazia no tratamento da equipe. A postura do leonino Alonso é inadmissível. Não há nada mais nefasto do que querer ser campeão sozinho e é natural que isso seja repudiado pelas pessoas de coração simples, humildes, batalhadoras e honestas.

Ninguém assiste F1 pra ver a corrida, o desempenho dos carros, das equipes e dos pilotos e o que menos importa é o quão veloz, habilidoso e talentoso o piloto é. Quando se assiste à uma corrida de F1 ao invés de analisar a capacidade de cada piloto deve-se olhar o carro e começar a pensar “Ah, esse piloto é humilde”, “Ih, esse é arrogante”, “Oh, esse é tão legal, ele cumprimenta quem vence” e toda a infinidade de virtudes e defeitos. O que importa é a vida pessoal do piloto e não a profissional. Por isso a habilidade de Alonso como bicampeão de F1 e sua atuação como piloto é o de menos, o que importa é se ele é boa pessoa, se é humilde, se é amigo dos outros pilotos, se ele sai pra comer pizza com os outros pilotos e twitta e se ele sai na balada com os colegas de trabalho e tira foto com eles pra por no facebook. Quem reclama que Alonso não é legal com os outros pilotos está completamente cheio de razão; o que ele é como pessoa, seus defeitos e virtudes, importam muito mais do que a sua capacidade como piloto.

Fernando Alonso se tornou nocivo à F1. A agressividade, persistência e ousadia de Alonso não são mais bem vindas na competição. A F1 seria muito melhor se ao invés de Alonso´s tivéssemos mais Barrichello´s com recordes mundiais de centenas de corridas e vitórias em percentual que se contam nos dedos de uma mão de um presidente, mais Massa´s que demonstram não ter um pingo de arrogância e egocentrismo e deixam os outros passarem demonstrando desapego à vitória, mais Webber´s que nos momentos decisivos deixam de se portarem como campeões e tomarem posse do que é seu deixando espaço para quem queira ser campeão, mais Kubica´s que sabem se contentar com pouco e mais uma infinidade de pilotos que se realizam simplesmente em competir e pulem de alegria meramente por completar a prova. A indignação, raiva e revolta com a derrota e ter como único objetivo a vitória e ser campeão morreram com Senna e não fazem mais parte da F1 e Fernando Alonso, cujo único resultado que importa é o lugar mais alto do pódio, não tem mais lugar nisto.

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