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Rudy Rafael

As mulheres mais velhas jogando fora o que têm de melhor

A relação amorosa entre homens e mulheres mais velhas é uma realidade e representa a mudança natural de tudo que existe. Eles com seus motivos procurando mulheres mais velhas e elas, também com seus próprios motivos, permitindo a experiência com homens mais novos. A experiência é válida. Em toda relação os anseios de cada um que são satisfeitos pelo outro, e vice-versa, tornam a união proveitosa para ambos, pois um dá ao outro aquilo que este precisa e obtém dele aquilo que quer. Apesar disso, o relacionamento afetivo entre homens e mulheres mais velhas está ficando cada vez menos satisfatório para eles na medida em que elas não estão mais lhes satisfazendo naquilo que eles outrora nelas procuravam e achavam.

A mulher mais velha está deixando de ser a mulher, que pela experiência de vida adquirida pela idade dotava dos atributos da maturidade, para se tornar apenas uma mulher envelhecida com postura de guria. Aquilo que o homem ansiava numa mulher e nela encontrava, estabilidade emocional, temperança, estima, ponderação, realização pessoal e outras virtudes da maturidade, está sucumbindo frente ao medo que ela tem de viver a idade que tem. O medo de envelhecer e a necessidade de inclusão na sociedade do “espírito forçosa e eternamente jovem” fazem-na sonegar a vivência plena da idade que tem. Assim as mulheres mais velhas estão deixando de expressar as qualidades da maturidade e jogando fora seus maiores atrativos.

Mulheres cada vez mais velhas se portam como se cada vez mais novas fossem e beirando e até passando os 30 anos ainda pensam que são gurias. Vestem-se com roupas de adolescentes, vão em festas essencialmente para jovens, se portam como gurias e fazem questão de mostrar ao mundo que são materialmente jovens, apesar de não serem. Por mais que a idade seja um estado de espírito e que a idade física nada diga sobre a essência, o medo de envelhecer não pode ser tamanho que impeça cada um de viver a idade que tem. O medo que estas mulheres têm de envelhecer lhes cega para a realidade de que com 30´s e 40´s anos já não têm mais 18 e 20´s para fazer o que faziam e o que se faz com estas idades.

É certo que os padrões embutidos pela sociedade, como o que fazer e como se portar em cada faixa etária, não devem ser seguidos às cegas, mas o amadurecimento faz parte da vida. Se o homem não precisasse estar criança não nasceria bebê e se não precisasse viver a velhice não envelheceria. A mulher que vive a fase adulta e reluta em viver como tal está sabotando um processo natural que todo ser vivo obedece não como um padrão social mas como uma lei natural e ir contra uma lei natural é ir contra si mesmo. Nascer, crescer, reproduzir e morrer fazem parte da vida e crescer é amadurecer, não apenas envelhecer. Olhar pra trás e ver que mudou a ponto de não fazer com 30 anos o que fazia com 20 é uma dádiva, não uma maldição.

O mundo pronto em que vivemos nos dita como viver. Devemos ser felizes para sermos aceitos e esta felicidade é o que nos dizem ser felicidade. Por isso devemos ser extrovertidos, engraçados e populares, estar sempre sorrindo, ter vários amigos, ter o celular do momento, bons carros, boas roupas, beber, estar sempre dispostos e tirar foto de tudo para expor e servir de prova da felicidade. Este conceito de felicidade foi criado e é mantido em razão da juventude e do que também foi dito representar o espírito jovem. Não ser jovem virou sinônimo de não ser feliz e quem não é feliz não é aceito. Existe a necessidade de parecer jovem para parecer feliz e ser aceito, mesmo que toda esta pretensa felicidade não faça verdadeiramente feliz o ser.

Porém, nem todo homem, por mais jovem que seja, segue e se contenta com este padrão de felicidade imposto e tem necessidade de sair em todas as baladas, esquentas e afters, passar todo fim de semana bebendo, ficar toda hora tirando fotos para expor aos outros, andar com centenas de pessoas e ficar todo o tempo sorrindo e pulando de alegria para se mostrar feliz. Alguns homens, por suas próprias razões, simplesmente não se interessam por este tipo de vida movida pelo apelo de juventude e por isto procuram mulheres mais velhas justamente por acharem que estas, já tendo passado pela adolescência e juventude, tenham transcendido esta carência e possam assumir um relacionamento onde os únicos a quem se deve prestar contas sejam eles mesmos.

Foi pelo tempo que a mulher mais velha aprendeu tudo aquilo que as mais novas não sabem e que tem atraído tanto o interesse masculino. Alguns homens cansaram-se de relacionamentos com mulheres mais novas, que mesmo mais atraentes fisicamente, através de sua conduta regularmente imatura tornam a relação insustentável. O homem em um relacionamento, acima de tudo, quer paz e a mulher mais velha, por sua experiência de vida aprendeu a ser menos ansiosa, menos apreensiva, menos efusiva, menos dramática, menos preocupada, mais cautelosa, mais prestativa e a respeitar o espaço e o tempo do homem; qualidades positivas da mulher que são aproveitadas por ambos na relação e que não devem ser sacrificadas pelo medo da idade.

Os homens que procuram as mulheres mais velhas obviamente esperam que estas não sejam e não hajam como as mais novas; que beirando os 30 anos ainda manifestam insegurança, tempestuosidade, intemperança, ansiedade, imaturidade, insensatez, preocupação com a opinião alheia, desespero por baladas e fotos e procura por relacionamentos tipificados. Diante o exposto, é fácil pensar que se o homem quisesse uma mulher com a conduta imatura de uma mulher jovem iria preferir uma jovem à uma mais velha, pois sendo elas por elas na questão do comportamento o exterior naturalmente mais em conta da mulher mais nova faria esta valer mais à pena. Se é para ficar com uma mulher imatura, que seja uma imatura de 18, não uma imatura de 40.

Em relação ao sexo, o receio da entrega na relação, que consequentemente se traduz em uma pior relação sexual para ambos já que não existe boa relação sexual com preocupações em mente, advém do medo resultante da inexperiência e da preocupação com a opinião alheia, que faz recear o que os outros e até mesmo o parceiro possam vir a pensar. Situações estas que a mulher mais velha presumidamente deve ter transcendido; apesar de que a experiência sexual não tenha necessariamente a ver com a idade da mulher, já que muitas casam cedo e passam décadas com o marido, sendo este seu único parceiro, e quando divorciadas não possuem a experiência prática que os homens ingenuamente tanto esperam.

A partir do momento em que a mulher mais velha, em razão de seus demônios internos, medos e inseguranças, persiste em agir, interior e exteriormente, como se nova fosse, ela deixa de dar ao homem mais novo aquilo que ele procurava nela e que é o seu diferencial em relação às mais novas. O homem que procura uma mulher mais velha a procura por ser mais velha e se ele mesmo a aceita desta forma não há razão para que ela não se aceite desta forma e viva preocupada em mostrar-se mais nova em todas as formas. O medo que as mulheres mais velhas, que se relacionam com homens mais novos, têm de serem trocadas por mulheres mais novas tem razão de existir somente se estas se preocuparem em parecerem mais novas.

A pessoa bem resolvida e feliz consigo mesma não tem problemas em envelhecer e viver e dizer a idade que tem. O espírito alegre e feliz não é o espírito jovem, mas o espírito consciente que adquiriu a sabedoria, pela experiência e vivência, que lhe traz a verdadeira paz interior. O relacionamento amoroso entre um homem e uma mulher mais velha não é errado de forma alguma, pois a Vontade e o desejo de cada um não estão condicionados à certidão de nascimento; mas a sonegação das fases da vida é um atentado contra a própria natureza e contra a própria vida. O adulto que pensa ser jovem e passa a viver como jovem sonegando sua iniciação à fase adulta está cometendo suicídio de uma parte de sua própria vida.

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