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Rudy Rafael

Avatar – Um velho mundo de clichês e furos

Depois de muito tempo sem ir ao cinema resolvi hoje assistir Avatar tanto por envolver ufologia como pelo Cameron mas já durante o filme fui confirmando porque não vale mais à pena ir ao cinema hoje em dia. Já gostei muito de cinema, já cheguei a ser cliente vip do cinema aqui da região tendo um cartão que me dava entrada gratuita com acompanhante e ilimitada por 3 meses mas já faz algum tempo que parei de ir. Toda esta leva infinita de filmes de super-heróis e esse inominável uso de computação gráfica até para quebrar um vaso me fez não ter mais vontade de assistir tudo isso que tem sido lançado. Como a sociedade é cruel com quem não é fã de praia e Sol e não se tem o que fazer resolvi aproveitar a meia entrada que é cobrada nas 3ªas-feiras aqui e ver qualé a do filme e novamente deu pra perceber porque não há mais motivos para continuar frequentando o cinema. Não vou fazer uma sinopse introdutória para o texto pois quem assistiu o filme sabe como é e quem não assistiu não entenderá os comentários.

De começo, já falta explicar o que é um avatar; como funciona a conexão. É mental? Espiritual? Alma? O que? O que acontece se o corpo do controlador sofrer dano? O avatar morre? E se o avatar sofrer dano? O controlador morre? Se isto tivesse sido explicado no começo haveria muito mais emoção da parte de quem assiste. Jake é paralítico e isso foi pouco aproveitado no filme. Se tirar as partes em que ele assume o seu avatar, corre, sente a terra e a em que ele rejeita a ajuda da Grace nada mais resta no filme. Isso poderia ter sido muito melhor aproveitado, ele poderia ter feito algo neste estado, algum tipo de superação onde ele mesmo sem conseguir andar poderia ter feito algo útil à história mas não teve. Esta história de “tecnologia = demônio” e “natureza = Deus” é arroz com feijão demais. Pessoal assistindo Avatar com óculos 3D em mega-metrópoles com som digital, imagem digital e chorando porque os “homens maus usando tecnologia do mau vão destruir a natureza dos etzinhos bonzinhos do bem”? A mesma tecnologia que iria curar Jake e fazê-lo voltar a andar.

Tecnologia não é algo do demônio não, assim como a natureza não é Deus. Tudo é tudo; depende como se usa. Tecnologia bem empregada salva vidas assim como uma planta pode matar uma pessoa. Trudy, a militar, piloto, teve uma das cenas mais estúpidas do filme quando ela ao atacar a árvore dos na´vi abandona a missão e diz “eu não me alistei para isso”. Essa cena deveria ter sido veementemente cortada da edição final pois um militar obedece suas instruções; um militar nunca iria contra a ordem de seu superior (no filme “Brumas de Avalon” o diretor cortou a cena em que o filho de Arthur ao tomar obscuramente o trono do rei manda que seus soldados o prendam e a cena foi cortada justamente porque um soldado nunca desobedece ordens). A cena poderia muito bem ter sido cortada e mandada para os extras nesta parte (“cenas excluídas”) e conseguiram fazer pior ainda quando na volta Jake, Grace e Norm são detidos por terem infringido normas militares e Trudy não. Ela abandonou a missão, não foi detida e foi encarregada de levar comida aos detidos? E a fuga deles? O que eles pretendiam com aquilo? Fugir num helicóptero e tentar uma viagem interplanetária para a Terra ou ir viver com os na´vi?

Quando Jake encontra os na´vi eles dizem que ensinarão coisas a ele e também aprenderão com ele mas por que no filme todo eles não perguntam nada sobre os humanos a Jake? Por que não aprenderam nada com Jake? Jake seguiu a linha de “aprendi a gostar deles” mas no filme todo não aparece Jake interagindo com o povo na´vi. Poderia ter aparecido ele brincando com as crianças, ajudando nos afazeres domésticos, rindo com os guerreiros e etc.; mas toda a interação de Jake foi somente com Neytiri e assim como ele poderia ter aprendido a amar um povo com quem não se relacionou? Esses são apenas alguns dos furos que há no filme, o que não são piores que os clichês. Essa história de “pessoa de mundo diferente que vai a um mundo diferente, aprende a amar este povo e se rebela contra o seu próprio povo” é batida demais. Dança com Lobos fez isto e muito melhor. O discurso de Jake de “nós somos isso” é a la 300. Só faltou gritar “we are Sparta!”.

A frasezinha mixuruca “I see you” não tem carisma, poderia ter sido alguma outra coisa principalmente na linguagem na´vi ou até mesmo um “I fell you”. O “I see you” de Sauron para Aragorn ruleia e infelizmente é o tipo de jogadinha de marketing que vamos ter que engolir por muito tempo nos perfis de orkut e frases de msn da turminha por aí. A conexão dos na´vi com os seres alados e toda esta mística colocada em cima já foi abordada nos grifos de Harry Potter. “Bichinho mauzinho que escolhe homenzinho bonzinho pra sempre”. O discurso de Grace falando sobre a conexão dos na´vi com a natureza e a importância de protegê-la não foi melhor do que os discursos que aparece no final dos episódios do He-man. A idéia de realidade, conexão, mente e outro corpo Matrix fez melhor. Enfim, Avatar é um faroeste cheio dos clichês. Os humanos mauzinhos com seus robôs querendo invadir para conquistar e do outro lado os que protegem a natureza e não tem como combater de forma igual por usarem arcos e flechas. As cenas de ataque dos na´vi em cima de animais, atirando flechas e os humanos atirando é faroeste descarado. Pra terminar, eu fico imaginando o quanto saiu “barato” a música “I see you” (tema do filme) para eles não terem aproveitado em NENHUM momento, nem em instrumental a música. Avatar – um velho mundo de clichês e furos.

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