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Rudy Rafael

Gente bitolada que não assiste novelas

Toda a maquinação do sistema em que estamos inseridos tem como princípio fundamental tirar a nossa auto-determinação fazendo com que deixemos de ponderar e optar sempre pelo que nos é entregue. Neste ponto surgem os extremos de onde algo é certo ou errado e a ponderação é esquecida. Isto se reflete na questão cultural e artística. As idéias de que “livros são bons”“tv é ruim”“isso é bom” e “isso é ruim” criaram a passiva consciência de que novelas são ruins. Muitas pessoas deixam de assistir novelas, onde abdicam de analisar a temática abordada, pois foram instruídas a pensar que “novela é ruim”, independentemente da proposta da trama. Como a noção de auto-determinação, como consciência individual plena, não é transcrita no plano prático, a pessoa realmente passa a fazer ou deixar de fazer algo pelo que alguém lhe disse, sacrificando todo o seu livre-arbítrio em favor de uma ilusória estereotipação da cultura como moeda e valor social.

Uma novela não é ruim somente por ser uma novela e um livro não é bom somente por ser um livro. É preciso analisar o caso em sua individualidade e perspectiva. A novela como gênero literário romântico segue uma narrativa que é expressa tanto em filmes como séries americanas, onde a estereotipação da cultura faz esquecer que o fator entretenimento é igual em ambos. Tem gente que acha feio assistir novela mas assiste séries americanas. Entretenimento por entretenimento dá na mesma. Assim, o que torna a dramaturgia mais ou menos “fútil” é o fator entretenimento desprovido de enriquecimento cultural para o ser humano. Como experiência de vida até o respirar cumpre função. Para quem tem interesse pela parte espiritual de sua existência, algumas novelas são verdadeiras manifestações de iluminação que através deste meio nos trazem lições dignas e necessárias de serem aprendidas. Dentre estas pode-se citar a novela “A Viagem” que aborda a vida após a morte. Em se tratando de novelas, não existe na história da tv brasileira uma obra que tenha expressado maior número de leis cósmicas do que a novela Alma Gêmea, de Walcyr Carrasco (R+C).

Alma Gêmea terminou de ser reprisada na Rede Globo em “Vale À Pena Ver De Novo” em 12.03.2010, quebrando recordes de audiência, que já era de costume na primeira vez em que foi apresentada no horário das 18h (20.06.2005 – 10.03.2006). Tal sucesso foi algo grandioso mas pequeno perto do conteúdo místico que foi apresentado durante toda a trama. Temas como reencarnação, vidas passadas, leis cósmicas, a noite negra da alma, luz x trevas, evolução, utilização do corpo físico como veículo de manifestação da consciência, além de assuntos esotéricos que alguns podem observar em todos os cantos (como instrumentos ritualísticos) tornam a obra uma verdadeira teleaula de espiritualidade. A melhor e maior novela da história do país; pois não existe no Brasil, o país reconhecido mundialmente como um dos maiores produtores de novelas do mundo, uma obra tão bela como a novela Alma Gêmea.

Quando se busca por Deus objetiva-se pelo seu Amor. Muitos não encontram e vivem a procurar por este Amor cuja alma clama; mas através do estudo, prática e experiência pessoal, ao encontrar a forma como Deus estabeleceu e sustenta toda a existência do universo é que se descobre e sente o seu Amor na perfeição da criação no entendimento de que não existe o acaso, na contemplação sublime da inteligência divina que faz com que tudo esteja perfeitamente encaixado e a reencarnação é uma das maiores provas deste Amor. Almas afins que viveram juntas em vidas passadas e tornam a se encontrar e dividir experiências, juntas; este é o tema principal da novela. A rosa que desabrocha, a consciência que desperta e alcança novas realidades, através de vivência, experiência e erros; pois são nos erros que aprendemos a acertar e são pelas leis cósmicas que aprendemos os efeitos de cada caminho.

Zanoni representado na contemplação do atual pelo materialismo, do ideal pelo desapego, do convencionalismo pela adaptação da novela em décadas passadas, do umbral pelas sombras, da fé pelo entregar-se à sua própria missão, da paixão pelo desassossego e a ganância. Dentre o universo do entretenimento vazio que nada tem a somar à existência do homem na Terra, esta novela vem como uma verdadeira luz. A mecânica da vivência conseguiu lobotomizar as pessoas ao ponto destas não escolherem mais o que acham bom ou ruim, e assim lhes foi dito que assistir novela é ruim. Deixam de assistir uma novela como esta, que só tem a somar, porque lhes foi dito que é “feio”, enquanto perdem tempo assistindo séries americanas com gírias descoladas e humor bacaninha e que nada mudará em suas vidas. Nada na existência pode ser customizado em uma totalidade “boa” ou “ruim”, tudo depende. Assistir novela é bom? Não sei, depende a novela. É bom o que é útil, o que ensina, o que agrega, o que alimenta o espírito e a alma.

Cada um deve poder escolher o que quer fazer sem sentir-se obrigado a gostar ou deixar de gostar de algo porque alguém lhe disse o que deve fazer. Melhor é assistir uma novela que fale sobre a vida espiritual do que séries que nada contribuem para a evolução de nada. Deixar de aprender algo simplesmente porque se trata de uma novela e porque “gente culta não assiste novela” é ignorância e assistir séries americanas porque “séries americanas são bacanas” é bitolação, que no fundo nada mais são expressões de uma consciência perdida e manipulada clamando por controle. Muitos batem o pé para a idéia de destino pois não aceitam a possibilidade de não poderem gerir suas próprias vidas, mas não se dão conta de que quando aceitam que lhes digam o que devem assistir ou não, gostar ou não, sentir ou não, já estão sendo controlados e não sabem. O homem deve ser livre até mesmo para assistir uma novela. Assistir novela não é feio, mas é tolice deixar de assistir porque lhe disseram para não assistir.

P.s.: A novela termina com a citação: “É na experiência da vida que o homem evolui.” de  Harvey Spencer Lewis.

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