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Imprestáveis que reclamam das igrejas

Rudy Rafael

Depois que apareceu a idéia de que a ciência é o conhecimento e a religião é a ignorância, e através do iluminismo vilipendiado surgiu a burlescada de usar a cultura como nivelamento social, como se uma pessoa fosse melhor que outra pelo que gosta, a parte da sociedade que se diz intelectual e culta passou a falar mal da religião indiscriminadamente. Não importa o porquê, o negócio é falar mal da religião, das igrejas e dos sacerdotes religiosos. As pessoas falam mal de religiões que não conhecem, criticam igrejas onde nunca pisaram e falam mal de sacerdotes de que nunca leram uma linha e nunca ouviram uma frase. Os que tiveram a personalidade individual anulada acham que a ciência e a religião são opostas e que devem ficar eternamente peleando uma contra a outra. Fazem crer, tão e somente pela fé, que o ataque à religião representa a insurgência contra a ignorância e a defesa do conhecimento e do progresso.

Faz-se mister reconhecer a improcedência neural aguçada e o arrombamento forçoso do espírito de quem assim pensa. A flatulência cerebral do resmungo que religiosos são ignorantes só por serem religiosos pode ser impugnada por qualquer bípede infradotado. Em todos os ramos da sociedade, por mais que as pessoas vivam cativas de seus próprios dogmas sociais de aceitação, há a choradeira de reclamar das religiões e de tachá-las como berço da ignorância. Esta revolta rasa, contra um nada eivado de superstições errantes, grita e esperneia contra o poder político, social e econômico das instituições religiosas. Os grandes sábios de nada da sociedade, que ignoram a mais-valia e trabalham como jumentos gratuitamente para enriquecerem os donos dos meios de produção, acham-se legítimos doutrinadores da verdade para insurgir sua ventosidade ruidosa contra as igrejas e seus adeptos.

Estes seres acham que devem acordar a sociedade para a manipulação de dar dinheiro às igrejas; como se fomentar o templo em que comunga fosse muito mais imbecil que ser escravo de bancos e enriquecer banqueiros pagando juros durante a vida toda apenas para comprar bens materiais na tentativa de preencher o vazio existencial de suas vidas e obter reconhecimento e aceitação. Assim, pessoas que não fazem nada por ninguém, seja por preguiça, burrice, incapacidade ou egoísmo, e que não contribuem em nada para o meio onde vivem, acham-se no direito de falar das igrejas. Imprestáveis, que vivem somente para o bem-estar próprio, que movem sua vida para o único objetivo da satisfação de seus próprios sentidos e desejos, acham que têm moral pra ficar reclamando das religiões e dos religiosos, como se o mundo fosse se tornar um lugar melhor se todos seguissem as suas omissões, egoísmos e alienações materialistas.

Há pessoas que pensam que são descoladas por usarem entorpecentes e falam mal das igrejas. Entretanto, igrejas não causam depressão, não diminuem a atividade cerebral, não criam alucinações, não alteram a velocidade dos estímulos cerebrais deixando-os lentos, não causam perturbações mentais e não transmitem HIV e hepatite B e C. O Estado não gasta bilhões, arrecadados através de altas cargas tributárias que fazem fomentar a economia informal e consequentemente arrombam a previdência social, em tratamento e prevenção de frequentadores de igrejas. Pessoas não furtam, roubam e matam para conseguir dinheiro para doar à Igreja. Famílias não são destruídas pelos membros irem à Igreja. Filhos religiosos não são estorvos aos pais. Não é preciso aumentar o policiamento ostensivo conforme aumentam o número de igrejas e ninguém gasta rios de dinheiro em clínicas de recuperação de religiosos.

Pessoas envolvidas com esoterismo também gostam de falar das religiões e das igrejas. “Óh, a religião aliena”, “Óh, o povo é manipulado pelas igrejas”, “Óh, os sacerdotes religiosos roubam” e toda uma infinidade de murmúrios. Dentro de suas salas confortáveis com ar condicionado e repetindo como cães treinados as teorias que lhes deram não hesitam em criticar as religiões e os sacerdotes religiosos; mas enquanto estes sábios e intelectuais reclamam das igrejas, estas, independente da religião, são as maiores organizações não governamentais e filantrópicas do mundo. Quando ocorrem catástrofes naturais e as pessoas perdem tudo e não tem a quem recorrer é nas igrejas que elas buscam socorro e encontram acolhimento; não entre os imprestáveis que vivem de teorias e que utilizam o seu tempo livre inteiramente para propósitos egoístas e que não fazem nada além de viverem sobrepujando-se com pretensas superioridades conscienciais.

São estes membros ignorantes de igrejas que, enquanto os sábios anarquistas, os filósofos e revolucionários de boteco, os ateus geniais e os esotéricos iluminados, ficam falando sobre tolerância e como o mundo é mau, feio e bobo, estão na luta a cada dia defendendo os direitos humanos, cuidando dos excluídos pela sociedade, amparando mulheres marginalizadas, violentadas e agredidas, de ex-detentos, alcoólatras, usuários de drogas e todos aqueles tratados como escória pela sociedade. São estes religiosos que, enquanto os sábios estão em suas camas quentes dormindo ao lado de seus livros de técnicas de bondade na cabeceira da cama, saem à noite no inverno para dar sopa quente e cobertores e agasalhos aos moradores de rua. São os sacerdotes religiosos que, enquanto estes sábios não têm nada para falar além de teorias, têm palavras de conforto que tocam a alma dos que choram por dentro e trazem esperança aos que sofrem.

Estas pessoas que falam mal das igrejas, das religiões e dos sacerdotes religiosos, o que elas fazem pelo próximo? Quanto tempo disponibilizam para o trabalho voluntário? O que fazem de caridade? No que ajudam a comunidade em que vivem? Fazem alguma coisa ou são apenas imprestáveis que vivem para dormir, trabalhar e no tempo livre buscar apenas o bem-estar próprio satisfazendo os sentidos? Fazem algo além de falar ou só reclamam? Botam a mão na massa ou vivem só de palavras? Saem às ruas para cuidar de indigentes ou só falam que o mundo está ruim? Ajudam na reinserção social de ex-detentos ou só reclamam do preconceito? Amparam as mulheres agredidas por homens ou só reclamam do machismo? Onde está a bunda destas pessoas? Na cadeira discutindo teorias ou nas ruas, instituições filantrópicas, ONGs e no mundo ajudando quem realmente precisa? Os que falam mal das igrejas, por acaso prestam mais à sociedade do que elas?

Os ateus que criticam as religiões podem fazer a sua parte, não é preciso acreditar em Deus para se sensibilizar com o sofrimento alheio e não é preciso frequentar uma igreja para saber que pessoas com frio e fome estão a sofrer. Não é preciso carregar um livro religioso debaixo do braço para ir ajudar quem precisa. Os filósofos e revolucionários de boteco também podem fazer a sua parte, é só deixar de gastar com álcool e cigarro e doar este dinheiro às instituições de caridade, que existem em todo lugar e estão preparadas para o amparo social, e, caso desconfie da aplicação dos fundos, podem fazer por conta; é só sair na rua e ver que em todo lugar tem gente passando necessidade. Podem otimizar o seu tempo; ao invés de perdê-lo falando de como a sociedade é alienada e manipulada basta procurar uma ONG e se doar ao trabalho voluntário. Trabalho e gente precisando de ajuda é que não falta neste mundo.

Os esotéricos, ao invés de gastarem o seu tempo discutindo doutrinas na busca do aprendizado espiritual poderiam usá-lo na melhor escola que existe: a vida, e ir ajudar os outros. Com certeza aprenderiam mais sobre a lei maior em hospitais, prisões, sanatórios e na rua do que em sofás, cadeiras e mesas discutindo doutrinas, teorias, biografias e fontes. O Amor é a lei maior e o Amor é prático. Ninguém aprende a amar em livros e debatendo intelectualmente, mas vivendo, experimentando e sentindo. A interpretação literal das leis cósmicas destituídas da aplicação no plano prático matou a esperança e impede de dar Luz, a razão e a prisão nos sentidos objetivos podaram a fé e impedem de dar Vida e a consciência sufocada de intelectualismos débeis cegou para a caridade e assim para o Amor. A Vida é a caridade de Deus ao homem. Não existe maestria espiritual sem manifestação de Luz, Vida e Amor.

Quanto de seu tempo os filósofos e revolucionários de boteco despendem para o trabalho voluntário? Quantas ONGs são formadas e mantidas por ateus? Qual o percentual de esotéricos que saem às ruas para matar a fome e o frio de indigentes? Quantas pessoas levantaram-se com a esperança vislumbrada através de palavras de usuários de drogas que acham que são espertos por usarem drogas e que acham que religiosos são manipulados por não viverem chapando o côco? Quantos marginalizados são assistidos pelos sábios anarquistas? Quantas instituições de caridade são mantidas pelos que acham que são bacanas só por assimilarem determinado tipo de cultura? Enquanto os que se dizem sábios e cultos falam mal das igrejas, estas são a sustentação do Estado, que falido e incompetente para gerir suas instituições precisa do Amor dos religiosos para manter-se de pé, já que ninguém come palavras, bebe livros e se aquece com teorias.

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