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Rudy Rafael

Liberte-se de querer ser amigo de quem não faz questão de ser seu amigo

Espiritualidade é liberdade; não a ignorância de compreender a liberdade como a possibilidade de fazer o que quiser a hora que quiser, mas a verdadeira liberdade plena que só existe no deixar de fazer. Um dos conceitos que definem o cristianismo, e o próprio trabalho de Jesus, o Cristo da Terra, é a abdicação. Os verdadeiros ensinamentos advindos da Espiritualidade não são os das palavras, mas os dos exemplos. Os ensinamentos recebidos pela palavra atuam nos religiosos e os ensinamentos recebidos pelo exemplo atuam nos místicos. Jesus, o Cristo da Terra, deixou como um de seus maiores ensinamentos o exemplo da abdicação, da renúncia. Jesus, o Cristo da Terra, deixou de ter o que poderia ter tido, abdicou e renunciou, e o cristianismo é em sua própria essência um trabalho de abdicação e de renúncia. O verdadeiro cristianismo não é o das igrejas que prometem o recebimento de qualquer coisa que se perceba como positivo, mas é o que chama à abdicação e à renúncia. É através da abdicação e da renúncia que um espírito se liberta da escravidão da necessidade e do precisar. Apesar de ser evidente que espiritualidade é liberdade, pessoas que se dizem envolvidas com as coisas espirituais são absolutamente escravas de amizades.

Há uma nefasta escravização da humanidade no que diz respeito às amizades e as próprias pessoas que se dizem envolvidas com as coisas espirituais são levadas à escravidão por não compreenderem o que realmente são e qual o propósito das amizades no plano da Espiritualidade. A própria Esquerda política em seu intuito de destruição do humanidade trabalha com o campo das amizades alienando as pessoas para que coloquem seus amigos acima de seus familiares de sangue. Isso evidentemente favorece ao sistema de dominação da Esquerda, pois anula-se a hierarquia espiritual que há nas relações humanas fazendo com que as pessoas vejam todos da mesma forma e assim anula-se o papel de cada um em sua vida fazendo com que todos sejam seus “amigos”. Em todos os lugares as pessoas estão prontas para romper seus laços de sangue com seus familiares em favor de seus chamados “amigos”, sem sequer saber que espiritualmente não há a mínima chance de se comparar uma amizade com um parentesco de sangue. Em todos os lugares as pessoas foram alienadas para endeusarem suas amizades. A alienação do louvor às amizades faz com que as pessoas não sejam conscientes de suas amizades e do real sentido destas em suas vidas.

A mudança é um princípio da espiritualidade. A mudança faz parte da vida e é através da mudança que o Universo se expande. A mudança é uma lei natural. Mesmo assim, as pessoas, mesmo aquelas que se dizem envolvidas com as coisas espirituais, não se dão conta de que as amizades também estão sujeitas à lei da mudança e de que suas amizades também deverão mudar. Existem coisas que são naturais no Universo e o pecado é ir de encontro ao que é natural no Universo. Ir de encontro ao que é natural no Universo é rejeitá-lo, quando se rejeita o Universo rejeita-se a forma como as coisas são, quando se rejeita a forma como as coisas são rejeita-se o próprio Grande Deus Criador e quando se rejeita o próprio Grande Deus Criador surge o sofrimento. As pessoas foram alienadas para endeusarem suas amizades e não conseguem compreender que as amizades também estão sujeitas ao ciclo por onde terão um fim. A maior prova da mudança de uma pessoa é quando ela mudou de amigos, pois quando se muda, muda-se a própria vibração, amigos vêm por vibração e quando se muda de vibração, muda-se de amigos. Quem mantém desde sempre os mesmos amigos é desde sempre o mesmo.

Como a mudança é uma lei da vida, a mudança possui toda a força que possui a própria vida. Não é o ser humano que conduz a sua vida, é a vida que conduz o ser humano. Isso é espiritualidade. A espiritualidade não é querer remar o barco para um canto ou para outro, mas dominando o barco deixando-o seguir para onde a correnteza o leva fazer desta viagem a melhor possível. Quando uma pessoa começa a querer ir para um lugar para onde não deve ir a vida se encarrega de colocá-la em seu devido caminho, mesmo que a forma como a vida faz isto possa ser percebida como algo negativo. As amizades, assim como tudo na vida, possuem um ciclo e portanto têm um fim. Ocorre que as pessoas, mesmo as que se dizem envolvidas com a espiritualidade, não sabem identificar esse fim e acabam insistindo em manter uma amizade que já acabou. Essa insistência é uma conduta contrária ao Universo e portanto vai trazer dor e sofrimento para quem insiste em manter uma amizade dessas. Quando uma amizade teve seu fim, a pessoa que aceita esse fim, sendo ela consciente disto em relação à espiritualidade ou não, continuará o seu caminho no campo das amizades e fará novos amigos e vivenciará coisas novas que necessita vivenciar.

A pessoa que não aceita o fim de uma amizade que já acabou, seja por inconsciência disto em relação à espiritualidade ou não, insistirá em manter a amizade que já acabou e assim sofrerá porque a pessoa que aceitou o fim da amizade, conscientemente ou não, não irá ter por ela sentimentos recíprocos em relação à amizade, o que gerará frustração, dor e sofrimento. Da mesma forma que amizades possuem o seu fim, há amizades que jamais existiram ou existirão e quando uma pessoa insiste em ser amiga de alguém que não deve ser sua amiga experimentará a mesma frustração, dor e sofrimento que experimenta quem insiste em manter uma amizade que já acabou. Em ambos os casos haverá alguém sofrendo correndo atrás de alguém que por ele não se importa, não que não se importe por arrogância, egoísmo ou qualquer sentimento ou pensamento ruim, mas não se importa justamente porque não deve se importar porque não deve manter ou ter uma amizade que não está destinada a ser mantida ou a existir. Mesmo as pessoas ditas “boas” e que se dizem envolvidas com a espiritualidade podem experimentar a frustração, a dor e o sofrimento de não serem correspondidas na tentativa de manter ou ter uma amizade que não faz parte de seu caminho.

Vê-se o desinteresse pela amizade onde na relação de amizade é apenas uma pessoa que entra em contato ou que procura muito mais entrar em contato que a outra, onde na relação de amizade uma pessoa sempre faz questão de convidar a outra para algum evento e a outra não convida, não se importa que ela não vá, só convida quando não tem como deixar de convidar ou prefere convidar outras pessoas que possam lhe favorecer mais de qualquer forma, onde na relação de amizade uma pessoa procura incluir a outra em tudo e a outra não faz questão de incluí-la em coisa alguma e em suma é o caso onde na relação de amizade pretendida sempre um trata o outro como alguém especial e o outro não faz questão alguma de tê-lo por perto. Não se trata de desistir dos amigos verdadeiros, mas de saber identificar quando se está tentando inutilmente ser amigo de uma pessoa que não faz questão alguma de ter a amizade almejada. É preciso compreender e aceitar que uma pessoa tem o direito de não querer ser amiga da outra e que há muito mais na Criação do que ficar buscando ser amigo de quem não faz questão alguma de tal amizade. Toda verdadeira amizade é recíproca e quando não o é, é escravidão.

Antes de sofrer por não ter correspondida uma amizade é preciso avaliar em si no que se baseia tal amizade; avaliar sem reserva alguma qual o motivo real pelo qual se busca tal amizade com alguém, pois, reconhecendo que o motivo pelo qual se busca uma amizade é fundado em coisas do Ego iludido pela matéria não há que se lamentar a perda ou a inexistência de uma amizade sem verdadeiro sentido. As amizades que valem à pena são as relacionadas à espiritualidade e ao plano de evolução espiritual, do contrário são dispensáveis, pois são ilusões que apenas afastam o espírito das grandes coisas. No mesmo sentido não há que se lamentar deixar de ter uma amizade com pessoas que buscam amigos com base em interesses pessoais mesquinhos e desprezíveis. Não se perde coisa alguma deixando de ser amigo de alguém que busca amigos em razão de suas posses materiais, sua posição social, seu prestígio, seu poder, sua popularidade, sua aparência física e qualquer coisa que possa lhe favorecer. Existem pessoas que sofrem por não serem amigas de pessoas que só querem conviver com pessoas que possam lhe favorecer em algo e este tipo de sofrimento não tem coisa alguma a ver com a espiritualidade.

Dedicar-se a ter a amizade de quem não faz questão dela é perda de tempo; tempo este que poderia ser utilizado para dedicar-se justamente aos que desejam uma amizade real, desinteressada. O tão famoso estado de positividade é exatamente isto: deixar de perder tempo com o que não constrói e dedicar-se ao que constrói. Ter uma conduta positiva neste sentido é parar de ficar correndo atrás de quem não faz questão da amizade e passar a se dedicar a quem faz. Não se trata de “Ego”, “egoísmo”, “egocentrismo” ou “arrogância”, mas de se libertar da escravidão existente na amizade inexistente e focar-se na amizade que está sob a égide da positividade da construção. Espiritualidade é construir e é preciso viver uma amizade construtiva, que se constrói em si e por si ao invés de submeter-se à escravidão do nada. Muitos falam em “escravidão” em coisas relacionadas à espiritualidade, mas não sabem que há prisões em que o ser humano mesmo escolhe estar, mesmo que a porta esteja aberta para dali sair. A ilusão mental que cega o Ego separa e é esta separação que traz a ilusão de que existem apenas poucas pessoas no mundo para se ter uma amizade, quando na verdade existem Universos de amigos em potencial.

Algumas amizades são frutos de ótimas relações do passado, mas, assim como tudo na vida, tiveram um fim e é preciso reconhecer e aceitar este fim. Aqueles que prestaram-se à uma amizade serviram de amigos quando tal amizade serviu à parte do processo de evolução espiritual, mas quando tal parte do processo finda-se é necessário desapegar-se desta amizade e seguir em frente, satisfeito por ter vivido uma amizade e sabendo que se fará novos amigos. Alguns amigos fizeram parte da vida de uma pessoa, mas já não fazem mais e é preciso deixá-los ir para que novos amigos venham, pois não recebe o novo aquele que não se desapega daquilo que não faz mais parte da sua vida. Enquanto uma pessoa não deixar ir os amigos que já fizeram parte de sua vida ela não estará pronta para receber os novos amigos que a Espiritualidade tem preparado para ela, pois não se enche um copo já cheio. É preciso perder o medo de perder, mesmo o medo de perder aquilo que é dito dia após dia que é algo bom e que deve ser mantido para sempre: os amigos. Aquele que não quer perder amigos porque acha que jamais encontrará outros como eles e jamais será tão feliz quanto é com eles não tem a mínima idéia do que é o Grande Deus Criador e a sua Criação.

Tudo na vida tem um fim e as amizades também. Uma amizade eterna significaria um vibração eterna. Deve-se respeitar o fim de uma amizade assim como se respeita a morte. A amizade que terminou é como a vida que terminou. A amizade, assim como a vida, cumpre a sua função em seu tempo e depois deve ter seu fim respeitado para que todos possam harmoniosamente acompanhar o Universo em sua constante mudança. Insistir em manter uma amizade que já deu o que tinha que dar é tentar trazer o morto de volta à vida. Os mortos devem ficar onde estão, em seu próprio mundo e em seu próprio caminho, e as amizades que passaram pela vida de cada um, também. Espiritualidade é seguir em frente, é aceitar o fim assim como se aceitou o início e o meio. Tudo está justo e perfeito e às vezes aquela pessoa que rejeita ou não faz questão da amizade de alguém está sendo usada pela própria Espiritualidade para libertar este alguém do passado e/ou impulsioná-lo para o futuro para o realizar de algo maior, melhor e que fará dele alguém melhor, sendo justamente este deixar ir que viria de um grande amigo. Às vezes a maior prova de amizade de um amigo é o rompimento da amizade.

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