Desde pequeno eu tenho interesse em demônios. Nasci e cresci em berço evangélico, mas sempre tive interesse em demônios. Por mais que eu tivesse nascido e crescido em um meio onde os demônios fossem “demonizados” como os piores seres da Grande Criação do Grande Deus Criador e onde me era ensinado que os demônios estavam destinados a sofrer pela eternidade o que pior fosse possível para o ser humano imaginar, eu sempre tive interesse em demônios. Muito mais do que interesse, eu tinha compaixão pelos demônios; eu tinha Amor pelos demônios. Eu, ainda na infância, sentia Amor pelos demônios. Cresci sendo ensinado que o Grande Deus Criador tinha apenas dois destinos para toda a Grande Criação – além de que a Grande Criação resumia-se a este planeta chamado de Terra -: o céu e o inferno, assim como me foi ensinado que o Diabo e os demônios estavam destinados a irem para o inferno e que em razão disto não havia o que pudesse ser feito para que eles pudessem escapar de tal destino e que não havia o que eles ou qualquer ser – inclusive Jesus, o Cristo da Terra – pudessem fazer para mudar isto. Pelo que cresci sendo ensinado o Diabo e o demônios estavam destinados a arder no Lago de Fogo e Enxofre e o Grande Deus Criador não lhes daria qualquer chance de salvação. Por mais que eu tivesse crescido ouvido isso, eu, ainda criança, tinha pena do Diabo e dos demônios e questionava porque o Grande Deus Criador não teria qualquer misericórdia para com o Diabo e os demônios, destinando-lhes a tão cruel lugar. Obviamente eu era o único com tal compaixão.
Eu, quando criança, vivendo no meio evangélico e tendo interesse por demônios não tinha acesso a material que pudesse satisfazer meu interesse pelos demônios. Assim como as crianças de minha idade se interessavam por coisas de criança, eu tinha interesse por demônios, mas eu não tinha acesso a material de estudo que pudesse ir ao encontro de meu interesse por demônios e o que me restava era ler e reler inúmeras vezes o livro do Apocalipse da bíblia, inclusive durante os cultos na igreja onde eu ia. Independentemente do assunto do culto, meu principal prazer era passar o tempo ali lendo e relendo o Apocalipse, pois o livro do Apocalipse é um dos maiores banquetes neste planeta chamado Terra para qualquer pessoa envolvida com verdadeiro ocultismo. Por mais que o cristianismo seja erroneamente demonizado pelos ditos praticantes de ocultismo e visto como algo negativo, o livro do Apocalipse é infinitamente rico em ocultismo e quem não percebe isto não é um verdadeiro ocultista. É no livro do Apocalipse que se encontram diversas figuras relacionadas com o ocultismo e é natural que qualquer pessoa relacionada com o ocultismo naturalmente se atraia pelo livro do Apocalipse. Não gostar do livro do Apocalipse significa não ter qualquer grande envolvimento com o ocultismo e com as entidades que trabalham com o ocultismo. Era através da leitura do livro do Apocalipse que eu podia satisfazer um pouco o meu interesse pelos demônios, inclusive através de todo o ocultismo envolvido nas batalhas entre o bem e o mal que ali estão narradas. O livro do Apocalipse é absolutamente esotérico.
A vida de uma criança ou de um adolescente interessado em demônios dentro de um lar ou de um meio evangélico não é algo fácil. Não que não seja fácil por causa da “ignorância” dos religiosos que não compreendem coisa alguma sobre ocultismo, mas pela escassez de material. O verdadeiro mago jamais vai ser importar com a “ignorância” dos religiosos e não vai ficar choramingando como uma franga porque eles não conhecem o oculto; o verdadeiro mago faz o seu caminho e quando uma pessoa faz o seu caminho ela não se importa com o que os outros fazem por seus próprios caminhos. Atualmente é muito fácil para qualquer pessoa acessar qualquer tipo de material através da internet, mas para mim, que nasci em 05/08/1982, a atmosfera era outra. Quando criança e adolescente eu dependia de material escrito para ler o que quisesse ler e não havia ampla internet para que eu pudesse pesquisar o que quisesse pesquisar e nisto eu acabava tendo que me contentar com o material evangélico sobre demônios, pois era o que eu tinha disponível. Então, para mim, era melhor eu ler e reler inúmeras vezes o livro do Apocalipse da bíblia, que ao menos falava algo sobre demônios, dragões, bestas, pragas etc., do que não ler coisa alguma. Era melhor eu ler o material evangélico que demonizava os demônios do que não ler coisa alguma. Por mais que eu ainda fosse criança, eu sabia que deveria me calar sobre o meu interesse por demônios e aproveitar o material que me era disponibilizado no meio evangélico, pois se eu expressasse meu interesse por demônios isto seria “demonizado”, seria visto com maus olhos, assim como ainda hoje acontece.
Mesmo atualmente e mesmo nos meios ditos “espiritualizados” e ditos “de ocultismo” o interesse por demônios não é bem visto e é tido como “fascinação”. Quer dizer: uma pessoa não pode amar literalmente toda a Grande Criação porque se amar os demônios é porque “os demônios lhe estão obsediando”. Eu passei a minha infância e a minha adolescência em meio evangélico ouvindo a necessidade de “aceitar Jesus como Senhor e Salvador” para não ir para o inferno e ouvindo demonizações sobre demônios. O Diabo e os demônios eram os grandes inimigos que precisavam ser derrotados, não a inveja, a ira, a raiva, o rancor, o ódio, a luxúria, a avareza, o apego, o materialismo, o egoísmo e coisas assim. Era só “aceitar Jesus” e pronto. Pois bem, tendo latente meu interesse por demônios outra forma que encontrei de tentar amenizar a falta de informações sobre eles foi através da própria doutrina evangélica que tratava sobre as batalhas espirituais e as chamadas conversões de “ex-satanistas”. O estudo das batalhas espirituais era interessante porque seguia a lógica bíblica de que é através do conhecimento que o homem se liberta e no caso havia a compreensão de que era preciso conhecer os demônios para saber lidar com eles e com o mundo espiritual. Para mim era uma maravilha poder estudar sobre batalha espiritual e poder tratar sobre os demônios. Os livros sobre conversões de “ex-satanistas” eram ótimos, pois os autores narravam o envolvimento com as irmandades satânicas e com o Diabo e os demônios, de forma que eu poderia ao menos ler algo sobre tais coisas que eu tinha interesse sem represálias.
Os fatos aqui narrados dizem respeito à minha infância e à minha adolescência onde eu estive envolvido no meio evangélico em razão de ser menor – no Brasil atualmente a menoridade penal cessa aos 18 (dezoito) anos de idade completos. Quando criança, frequentando uma igreja evangélica, eu não tinha interesse em participar das atividades comuns às crianças de minha idade, como ficar correndo para lá e para cá, ficar cantando musiquinhas evangélicas para crianças e coisas assim. Eu preferia fazer parte dos estudos espirituais mais avançados com as pessoas mais velhas e era comum na escola bíblica dominical que eu frequentasse as turmas de pessoas mais velhas, pois ali não haveria gente com brincadeirinhas inúteis de criança. Eu preferia aprender sobre demônios do que brincar de pega-pega, esconde-esconde ou qualquer outra brincadeira de crianças da minha idade. Eu ainda na infância preferia ficar sentado ouvindo alguém falar sobre batalha espiritual com demônios do que ficar brincando com as crianças de minha idade. Por mais que eu tivesse nascido e crescido em um meio evangélico onde havia extremo cuidado em relação às chamadas “coisas do Diabo” e que as “coisas do Diabo” poderiam ser qualquer coisa mesmo que não fosse, eu nasci exatamente no lar onde eu deveria nascer e foi importante para mim ter o “freio” evangélico para o ocultismo que há em mim. Provavelmente, se eu tivesse nascido em um lar com pais que não se preocupassem com a minha espiritualidade e me deixassem fazer o que eu quisesse, eu com 5 ou 6 anos de idade estaria evocando o próprio Diabo no meu quarto, não por mal, mas por interesse.
Por mais que eu sempre ouvisse sobre os benefícios materiais dos pactos com os demônios, eu jamais tive interesse material algum em relação ao trato com os demônios. Em verdade eu sempre tive pena do Diabo e dos demônios, sempre os vi como criaturas do Grande Deus Criador e sentia que algo não estava certo em compreender que não importasse o que acontecesse, mesmo que o Diabo e os demônios se arrependessem de terem se rebelado contra o Grande Deus Criador – conforme a narrativa evangélica -, o Diabo e os demônios estavam destinados ao pior dos tormentos pela eternidade. Para mim, o Diabo e os demônios sempre foram seres a serem amados e resgatados do mal onde se encontravam, não seres para serem amaldiçoados, esculachados, maltratados e esquecidos como a lepra da Grande Criação. Nunca fez sentindo dentro de mim, não faz e jamais fará, acreditar que o Grande Deus Criador tenha criado seres para sofrerem tormentos pela eternidade. Eu desde criança via que o dogma de que “Deus dá o livre-arbítrio” não poderia ser sustentado no meio evangélico, pois se o Grande Deus Criador é onisciente, ele sabe o futuro e se ele sabe o futuro, ele já sabe se o ser que ele vai criar vai escolher o céu ou o inferno e assim, se ele sabe que um ser vai escolher o inferno, ele, se fosse bom, não deveria tê-lo criado. O Deus no meio evangélico era, portanto, um Deus que criou seres sabendo que eles iriam escolher o caminho da perdição e iriam sofrer eternamente. Naturalmente que os evangélicos dizem que “não é bem assim”, mas, é bem assim sim. Para os evangélicos Deus criou seres destinados ao tormento eterno e isto não é verdade.
Eu nunca tive interesse em evocar um demônio para lhe pedir coisa alguma, mas sim para tê-lo em companhia no momento da evocação para com ele dialogar, assim como já tive inúmeros outros contatos com inúmeras outras entidades espirituais de inúmeras outras linhas. Os demônios também são parte da Grande Criação e amar ao Grande Deus Criador é amar a toda a sua criação, não apenas uma parte dela, a parte “bonita”. A satisfação nas coisas materiais é pateticamente irrisória perto da satisfação nas grandes coisas espirituais. O verdadeiro mago não pode ser escravo de coisa alguma. O verdadeiro mago não pode ter medo de coisa alguma, inclusive do Diabo e de demônios. O verdadeiro mago não pode ser escravo dos dogmas religiosos, inclusive dos dogmas que dizem que o Diabo e os demônios são seres amaldiçoados e abandonados pelo Grande Deus Criador e que estão destinados ao inferno. Algumas pessoas que se dizem interessadas em coisas relacionadas às coisas espirituais dizem amar “tudo”, mas não amam aquilo que é “feio”, ignorando então que tudo aquilo que é “feio” também é parte do Grande Deus Criador, pois tudo o que existe é manifestação do Grande Deus Criador, tudo o que é existe é uma escolha de como o Grande Deus Criador escolheu se manifestar e isto deve ser compreendido e respeitado pelo verdadeiro mago. Os demônios são manifestações do Grande Deus Criador, são manifestações de como o Grande Deus Criador resolveu se manifestar e devem ser amados da mesma forma como se ama os anjos e as belas coisas. Os demônios são obra divina, assim como os anjos e os humanos.
Falo agora então de algo relacionado ao meu envolvimento com a Goetia de Salomão. Assim como eu tenho interesse em demônios, anjos, extraterrestres, seres humanos, seres de fora deste universo e toda a forma de manifestação do Grande Deus Criador em qualquer uma das dimensões de manifestações da consciência em qualquer um dos universos da Grande Criação, também tenho interesse na Goetia e falarei agora como se revelou a mim o primeiro demônio da Goetia com quem tive contato. É importante esclarecer que ao trabalhar com a Goetia deve-se escolher apenas um demônio por trabalho e por período, pois, como diz a bíblia em Mateus 6:24, “ninguém pode servir a dois senhores”. Assim, enquanto não se obtém o resultado do trabalho feito com um demônio da Goetia não se deve trabalhar com outro, sequer evocando-o. Eu, há alguns anos, por curiosidade, quis saber com qual demônio da Goetia eu deveria trabalhar caso fosse trabalhar com algum demônio da Goetia. Eu estava então deitado em minha cama em meu quarto, durante o dia com a luz do Sol ainda plenamente adentrando em meu quarto, olhando para o teto do meu quarto quando de repente começaram a aparecer em minha frente os selos dos demônios da Goetia, os quais seguiam a ordem clássica da numeração dos 72 demônios da Goetia, em uma linha horizontal que ia da esquerda para a direita, percorrendo os meus olhos até que o 29º selo da Goetia de Salomão parou e ali se revelou que o demônio da Goetia com o qual eu tinha ligação e com o qual eu deveria trabalhar caso fosse trabalhar seria Astaroth.
Desta forma Astaroth se revelou a mim, pois após eu saber que o demônio em questão era o do 29º selo bastou eu posteriormente pesquisar qual era o demônio do 29º selo para eu saber que se tratava de Astaroth. A Goetia de Salomão possui 72 selos e as entidades espirituais encontram formas de se fazer entender aos seres encarnados através de sistemas que poderão ser compreendidos pelos seres encarnados como encarnados. No caso da Goetia o demônio se faz revelar para alguém também através de seu número na ordem clássica dos selos da Goetia, bastando então, após saber o número do selo, procurar saber qual o demônio em questão. Quando Astaroth entrou em contato comigo me mostrando seu selo, eu também soube que Astaroth, ao contrário do que as descrições de manuais de Goetia dizem, era uma entidade feminina e não uma entidade masculina, o que ficou bem claro. Astaroth é uma entidade feminina, é uma mulher extremamente feminina e caso eu viesse a trabalhar com um demônio da Goetia, Astaroth, como força feminina, teria mais a ver comigo porque eu sou homem heterossexual e minha força é masculina. A história de Astaroth como mulher é bem interessante e remonta a antigos rituais de magia. O verdadeiro trabalho de Goetia, quando se está em questão o trabalho de um verdadeiro mago, é um trabalho de parceria, onde existe uma relação de igualdade entre o mago e o demônio e em tal relação o mago é absolutamente independente do demônio e pode romper os laços com ele quando quiser. Subjugar um demônio é estabelecer com ele uma relação de poder e assim se gera vínculo.
Muitas pessoas que se dizem interessadas em ocultismo demonizam o cristianismo, mas acabam tendo a mesma mentalidade religiosa acerca do Diabo e dos demônios, vendo-os como “Diabo” e “demônios”, vendo-os como seres ruins, maus, monstruosos, bestiais, a serviço do mal e habitantes de zonas infernais, deixando-os de ver como outras manifestações espirituais como tantas outras. A Goetia é uma arte mágica ímpar e não se confunde com qualquer outra; não existe “Goetia disto”, “Goetia daquilo”, existe apenas uma Goetia, a chamada “Goetia de Salomão” e a Goetia de Salomão não é para qualquer um. O verdadeiro mago sabe que é Deus e que está destinado a tornar-se Deus e é somente esta postura, de compreender-se como Deus, que permite que um mago possa trabalhar com Goetia sem sofrer qualquer coisa. Toda forma de manifestação do Grande Deus Criador merece respeito, mas o mago jamais pode colocar-se como inferior ao tratar com um demônio da Goetia e quem quiser mexer com Goetia já colocando-se como inferior ao demônio, endeusando-o como alguém poderoso, será pelo demônio assim tratado. Não recomendo a prática da Goetia à pessoa alguma, mas é preciso saber que todos os seres que existem são manifestações do Grande Deus Criador e que não existe Amor a Deus se não se amar tudo aquilo que existe, inclusive o Diabo e os demônios. A verdadeira evolução espiritual é muito mais do que achar que existem seres que devem ser vencidos; é compreender que o Grande Deus Criador está em tudo e em todos e que tudo e todos merecem ser amados. Tudo, absolutamente tudo, é Luz.
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