Costumou-se indicar inconsciência, ignorância e massificação às religiões dizendo que os freqüentadores e seguidores das mesmas aceitam tudo que lhes é dito sem questionar. Entretanto, maior que o número de estrelas é a infinidade dos que apenas substituindo a religião e seus códigos por esoterismo, ocultismo e misticismo em geral aceitam tudo que lhes é dito sem ter o mínimo senso investigativo e crítico, sendo como verdadeiros burros de carga. É o “falou tá falado”. Enquanto os religiosos seguem cegamente a bíblia e sua doutrina e têm como verdade absoluta apenas o que ali está, estes esotéricos seguem cegamente as monografias, ensinamentos escritos e doutrinas de suas ordens, escolas e etc. Têm como verdade aquilo que leram e ouviram sem questionar e investigar por conta própria. Enquanto uns deixam de acreditar ou acreditam em algo pelo que a bíblia fala, outros acreditam e deixam de acreditar em algo pelo que seus ensinamentos dizem.
Se o pastor fala que reencarnação não existe, o religioso acredita e diz que não existe. Se uma escola esotérica fala que magia negra não existe e é apenas “sugestão”, o outro cidadão acredita e diz que não existe. A diferença não existe em sentido algum. Muda-se a forma, mas o princípio é o mesmo. Trata-se apenas de pessoas desamparadas emocional, intelectual e espiritualmente buscando algo para acreditar. O religioso é impedido da busca pelo medo da danação e estes “esotéricos” de escolas esotéricas se abstém por sua própria ignorância e limitação. Ao que não estigmatiza pessoas e não acha que alguém é alienado só por ser religioso e outro é consciente apenas por estar em uma ordem ou escola, bem sabe que existem religiosos extremamente curiosos e interessados cuja consciência clama pela Verdade, mas que têm este desejo estagnado pelos dogmas institucionais. Pessoas que não fosse pelo medo pelo qual estão cativas seriam excelentes místicos e esotéricos.
Eles apenas não possuem as ferramentas para a busca, mas a Vontade está latejando em suas veias. Possuem o desejo da Verdade mesmo que não expressem isto em pensamentos e ações, mas está dentro delas pronto para escapar a qualquer momento. São curiosas, questionam, evocam e invocam a Verdade. Do outro lado, percebe-se pessoas que sendo membros de ordens esotéricas e escolas iniciáticas não possuem o mínimo grau de curiosidade e interesse. De forma alguma sentem que há algo a mais e não possuem o desejo e a Vontade inerente a todo Buscador. Não possuem imaginação e curiosidade para ser saciada. Mesmo sendo livres para tal, pois não estão sob a ameaça do tridente do Diabo atrás de si, não conseguem expressar o mínimo de vontade e interesse em verdadeiramente conhecer; ao contrário de muitos religiosos católicos, evangélicos e protestantes, com os quais ao conversar percebe-se claramente que clamam por aquilo, mas que o receio do inferno lhes poda.
A situação mostra-se contraditória na medida em que há religiosos que seriam excelentes místicos enquanto outros que fazem parte destas agremiações ocultistas de forma alguma honram a dádiva que recebem de poder fazer parte do que fazem. Para eles, a ordem ou escola é o fim, não um meio. Não utilizam as ferramentas fornecidas para buscar uma verdade maior por si só, mas querem que lhes digam a verdade para acreditar, pois em sua limitação espiritual e intelectual é a única coisa que conseguem fazer: acreditar. Sua verdade é o que lhe foi dito e o que leram. Estes esotéricos além de carecer de nível espiritual também demonstram apatia intelectual ao ponto em que não conseguem captar o próprio ensinamento esotérico e compreender que a linguagem falada e escrita possui limitações.
Os próprios ensinamentos falam da impossibilidade de expressar muitas (e grandes) coisas através de palavras e eles continuam achando que a verdade só se encontra naquilo que os mestres de sua ordem e seus manuscritos lhes mostrarem e conseguirem ver. Seguem aquilo que lhes diz que os sentidos físicos limitam a percepção da verdade e mesmo assim sua verdade só existe pelo que vêem e ouvem. Lêem sobre dimensões, mas sua verdade é a tridimensional. Aprendem história e sabem que a verdade de cada época sempre foi a ditada pela ciência do período, mas mesmo assim dizem que determinada coisa é impossível porque a ciência do momento diz que é. A verdade para estas pessoas é única e exclusivamente o rol de verdades e inverdades que lhes foi entregue em seus ensinamentos.
Apresenta-se a limitação espiritual do esotérico que não possui verdadeiro desejo e Vontade de buscar a Deus (como muitos religiosos em verdade possuem) e a limitação intelectual na medida em que não conseguem assimilar os próprios ensinamentos que lhes foram entregues e deveriam ter aprendido. São mulas que prostrando-se aceitam a verdade que lhes foi dada sem ousar querer comprovar. Vivem pelo acreditar e não pelo comprovar. Para estes só existe aquilo que lhes disseram que existe e não existe o que não lhes confirmaram que existe. Ninguém escolhe querer Deus e ninguém escolhe querer a Verdade; isto vem por Vontade e desejo e brota em cada pessoa. O desejo cria o pensamento e não o contrário. O pensamento é a reação do desejo e estes pensamentos como ações irão dar origem às outras reações.
O esotérico, místico, ocultista, iniciado e o que for, mais do que ninguém deveria ter a mente aberta às possibilidades e não se fechar em “acredito/não acredito” e o pensamento tendo como ação o desejo nascerá morto ao que não possuir esta Vontade. Aquele que faz parte de uma ordem ou escola esotérica e que não possui o desejo da busca terá seus pensamento natimortos e infrutíferos em seu caminho na senda e nada poderá fazer além de servir de mula que carrega o que lhe é colocado como carga. O verdadeiro desejo e Vontade é que irão mover cada um a buscar ou não e quem busca não vai aceitar tudo que lhe enfiem goela abaixo, tanto em uma igreja como em uma escola esotérica. A pessoa irá atrás. Ela sabe que no Reino não há perfeição para que possa aceitar tudo pronto. Que examine cada um a si mesmo para saber se possui este verdadeiro desejo e Vontade. Cada um sabe se pensa ou respira Deus.
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