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Rudy Rafael

Quem nunca saiu em astral não é um Iniciado

O termo “Iniciado” vem sendo profanado tanto pelos profanos expressos como pelos que por outras circunstâncias enganam a si mesmos e se pensam Iniciados. A atual estruturação democrática da sociedade amparada em liberdades individuais dispostas nas constituições da maior parte do Ocidente, inspiradas pelo código Napoleônico, deu ampla liberdade ao credo religioso permitindo que surja todo tipo de seita, filosofia, religião, ordem, escola iniciática e esotérica. Essa liberdade é positiva na medida em que amplia as possibilidades e manifesta clara evolução da consciência global na questão da tolerância enquanto que na outra ponta degrada o espírito dos conceitos que as movem.

Com a difusão de “ordens” e “escolas” por todos os cantos onde qualquer grupo se reúne e se diz “egrégora” surgiram inúmeros “iniciados”. A explosão demográfica obrigou a ampliação e globalização até mesmo das escolas tradicionais onde já não se busca qualidade de membros mas quantidade. Analisando a evolução das escolas iniciáticas ao longo da história percebe-se que estão exigindo cada vez menos dos membros em um claro reflexo da incapacidade da grande parte destes; assim apresentou-se a idéia de que alguém é “Iniciado” somente porque deslocou seu corpo físico até um certo lugar, em um certo dia, por um determinado tempo e fez determinada coisa em uma ordem esotérica ou escola iniciática; o que vem de encontro ao real sentido do termo.

O Iniciado é aquele que adquire consciência da realidade do seu Eu Interior, o Eu “espiritual”, “da alma” e passa a viver as duas realidades: a física, do Eu Exterior e mortal, e horizontal e a espiritual, do Eu Interior e imortal, vertical. É neste momento que as duas realidades se cruzam, formando uma cruz. A cruz dos iniciados gnósticos cristãos primitivos e a cruz dos templários. Esta nova realidade, de fato, apenas se apresenta ao que vivenciou este novo plano de vida extracorpórea através de um desdobramento consciente.

A verdadeira iniciação não se dá no plano material-denso mas no psíquico onde através da tomada de uma nova realidade de consciência a pessoa em verdade identifica o outro plano, o do Eu Interior e assim passa a viver mais este caminho, além do plano físico, formando assim o caminho da cruz. Por isso que a morte é considerada “A Grande Iniciação” pois no momento do desencarne passa-se a viver esta nova realidade. Para os verdadeiros Iniciados esta realidade vêm em vida na medida que evoluíram ao ponto de tomar esta consciência do seu Eu Interior.

Mesmos nas escolas iniciáticas existem vários membros em graus elevados que não são Iniciados de fato mas apenas por políticas humanas que titulam alguém pela presença física em determinada cerimônia o que é lamentável do ponto de vista da busca pela verdade. As escolas se acomodaram ao ver o nível dos próprios membros. Sabem que não podem exigir muito deles então nivelam por baixo. É como o professor que deveria dar uma bala para cada um que tirasse 10,0 na prova mas ao ver que uma minoria alcançou o mérito resolve dar pra todo mundo pra todo mundo ficar feliz. Assim chamam todos de “Iniciados”.

Em algumas ordens que seguem o caminho da cabalá o Neófito deve ter absoluto controle do plano astral para ser elevado ao grau de Adepto, em outras, mais antigas, o caráter de iniciação era taxativamente este. Tal prova se tornou politicamente inviável nos dias atuais pois se fossem condicionar a elevação de grau ao domínio da projeção psíquica a maioria das ordens iriam sucumbir mesmo sendo uma premissa básica ao que quer seguir uma senda.

Se a elevação de grau fosse condicionada à verdadeira iniciação (despertar em astral) a maioria dos membros iria desistir por não conseguir. É alta a percentagem dos membros de escolas que declaram estar em graus elevados e nunca terem conseguido a projeção consciente e o não condicionamento da elevação de grau ao despertar psíquico é uma forma de preservar a própria escola mesmo que gere a problemática de quantidade x qualidade. Entende-se como positiva esta política pois preserva o membro. Pessoas perseverantes são poucas e a maioria sucumbe ao fracasso. O fracasso as afastaria. Acredita-se então nos resultados a longo prazo pela preservação do membro no seio fraternal.

Naturalmente que escolas, grupos e ordens dispõem de ferramentas conscientes e objetivas de conhecimento e algumas ferramentas extras resultantes de sua formação como egrégora. Ferramentas que auxiliam  a tomada de uma nova consciência e a busca pela iniciação. Entretanto, nenhuma estruturação político-social titula alguém de coisa alguma no plano espiritual. Ninguém é um Iniciado somente porque participou de uma cerimônia no plano físico. Para ser um Iniciado é preciso literalmente ter sido “iniciado” na nova realidade, a superior e isto depende de cada um não de outras pessoas. Podem lhe mostrar o caminho da ponte, mas cada um deve mover as próprias pernas. Ninguém inicia ninguém, a consciência que desperta e se inicia.

O Iniciado é justamente Iniciado porque não acredita na vida espiritual porque leu ou ouviu mas porque comprovou e passa a viver pelo que comprovou. Esta é a diferença entre conhecimento e sabedoria. O conhecimento é exterior e mortal pois faz parte do plano consciente e a sabedoria é interior e imortal, foi absorvida pelo subconsciente e se integrou à consciência.

Acreditar na vida espiritual, freqüentar escolas esotéricas, praticar ensinamentos místicos, seguir gurus espirituais ou realizar uma iniciação física não dá o título de Iniciado a ninguém. Neste plano podem querer fazer acreditar que alguém é Iniciado porque foi carimbado em uma carteirinha e assinado por um superior ou porque tem uma foto bacana e bem vestida cheio de parafernálias. O mesmo sistema humano e maculado que deu o prêmio Nobel da Paz a Barack Obama no mesmo dia em que enviou quase 30.000 soldados para a guerra do Iraque é o que dá o título de “Iniciado” a qualquer um que preencha formulários de inscrição e pague mensalidades à determinadas escolas iniciáticas ou pessoas que até mesmo desintegradas de qualquer egrégora se acham no direito de nomear alguém como “Iniciado”.

A verdadeira iniciação é íntima, é interior, é no despertar da consciência psíquica para a nova realidade que o caminho da cruz se inicia em cada um. Aquele que não despertou para este plano superior, que nunca se projetou conscientemente no plano astral, não é um verdadeiro Iniciado. Pode freqüentar mil escolas esotéricas, fazer mil iniciações no plano físico, ter mil carteirinhas, títulos e insígnias da ordem que for mas tudo isso não passa de mera humanidade e não tem efeito de fato no plano psíquico. Pode enganar a si mesmo achando que é Iniciado porque alguém o disse mas o verdadeiro Iniciado não pensa que é porque alguém disse ou porque leu mas sabe que é pois vivenciou a realidade do Eu Interior. As dúvidas e incertezas não existem e o “acreditar” foi substituído pelo “comprovar”.

É digna a boa vontade de quem se dedica ao estudo e aplicação das leis cósmicas e se tornar uma pessoa melhor mas é incidir em erro chamar alguém de “Iniciado” apenas porque freqüenta, faz parte e estuda algo. Em verdade, se não despertou conscientemente em astral não é Iniciado e aqueles que chamam o estudante de “Iniciado” somente por sua boa vontade ou por política o fazem por piedade e tanto a escola como o membro ganhariam mais se o estudante fosse desafiado a se projetar.

Desvirtuar o verdadeiro sentido da Iniciação por comodismo à limitação humana é um ato de desamor. O Amor é edificante e encorajador. Quando se ama de verdade alguém se tolera os defeitos mas se encoraja a superá-los. Não se deve aceitar a incapacidade das pessoas mas sim incitá-las a superar-se, custe o que custar. Ao que não é Iniciado de fato resta desvencilhar-se das muletas da piedade, do comodismo e da politicagem e desejar a auto-superação; e, assim, verdadeiramente se iniciar e carregar sua própria cruz.

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