Quem vive propagando a conduta de ingerir bebida alcoólica como sendo o ápice da realização pessoal e da felicidade plena não pode reclamar se um dia o seu pai, mãe, filho, marido, esposa ou qualquer outra pessoa que ame for vítima de um acidente de trânsito provocado por uma pessoa alcoolizada que nada mais fez que aquilo que ela mesma propagou: ingeriu álcool. Se uma pessoa move as outras a adotarem determinada conduta ela não pode reclamar dos resultados desta conduta. Aí está uma lei natural, ação e reação. A pessoa que vive incessantemente fazendo propaganda gratuita e insana do consumo de álcool, como se fosse preciso beber para ser feliz, ou, pior ainda, como se a felicidade se resumisse a beber, naturalmente não pode reclamar quando as pessoas que aceitarem esta propaganda passarem a beber, já que ela mesma está divulgando isto, e alcoolizadas causarem acidentes de trânsito que tenham efeitos diretos em sua vida.
Não se trata de apenas propagar o ato de ingerir álcool e não as irresponsabilidades que causam acidentes e violam a norma legal, mas de observar a situação como um todo vendo cada ação com seu respectivo desdobramento. Na sociedade o ato de beber se tornou uma necessidade, já que o coletivo da humanidade se tornou um lixão e hoje é preciso beber para se conectar a este lixão. Quem não bebe é um elemento estranho, já que o coletivo enche a cara. Ser um elemento estranho é estar de fora e ninguém quer estar de fora. Isto decorre também da intencional massificação falaciosa de conceitos, pois naquilo que era preciso ser coletivo o homem busca ser individual e no que precisa ser individual busca ser coletivo. Ambas as buscas são fomentadas pela ignorância, massificação, alienação e Ego. É o mundo do “Eu não me importo com o que os outros pensem sobre mim, desde que pensem o que me satisfaz.”.
No mundo em que as pessoas deixam de simplesmente viver buscando fazer o que gostam para se preocupar em buscar a felicidade conceituada por outros e divulgar que são felizes, o consumo de álcool, aproveitando-se de uma engenharia social que não precisa de qualquer esforço para moldar condutas, já que as pessoas são incapazes de se libertar dos vícios de raciocínio, encontrou fácil aceitação. “Você precisa ser feliz, beber é ser feliz, então você precisa beber.” e “Se beber é ser feliz, não beber é ser infeliz, portanto, beba.” foram engolidos facilmente pela sociedade e não é preciso muita atividade cerebral pra diagnosticar como isto vem sendo absorvido sem resistência. Se uma pessoa não é tola o suficiente para deixar de perceber isto, é tola o suficiente para não perceber como isto vem sacrificando a sua existência como um ser vivo e pensante. Ser plenamente livre não é fazer o que quiser, é poder deixar de fazer o que quer.
O mundo bebe para esquecer os problemas que suas limitações lhe impedem de transcender, bebe para adquirir coragem que suprima sua covardia inata, bebe para que uma alegria artificial tome conta de seu corpo e afaste a dor e a tristeza real que assolam e consomem sua alma, bebe porque os outros lhe dizem para beber, bebe para não ser rejeitado por não beber e, até mesmo, bebe sem saber porque bebe. Apenas bebe. Apenas vai às instituições de ensino. Apenas vai trabalhar. Apenas vai dormir. Apenas vai comer. Apenas vai transar. E assim o mundo do apenas, onde as pessoas apenas fazem o que fazem, vai vivendo, vivendo por tudo que lhes faz ao final morrer por nada. Apenas bebem porque devem beber. Mas quem disse que devem beber? Ninguém sabe, mas bebem. Quem disse que devem viver como vivem? Ninguém sabe, mas vivem. Se as pessoas veem que precisam beber para ser felizes, assim o fazem e ponto.
A pessoa que acha que pessoas que usam drogas são descoladas por isso e demonstra esta admiração publicamente e sem receio não pode reclamar do que os usuários de drogas sem dinheiro fazem para satisfazer o vício que ela mesma incentivou ao venerar e a que valora os outros por seus bens materiais não pode reclamar do que as pessoas fazem para adquirir aquilo que ela mesma exigiu. Quem fomenta as causas não pode fugir dos efeitos. O mundo pode ser incoerente, mas existe um universo justo e perfeito que não permite incoerências. Onde houver incoerência haverá hipocrisia e onde houver hipocrisia haverá uma alma atrasada. A criminalidade é criada pela própria sociedade, que combate o criminoso, mas não os motivos do crime e as pessoas não podem reclamar da monstruosidade dos monstros que elas mesmas criam dia após dia em suas condutas que impulsionam a reação em cadeia daquilo que depois reclamam.
A velha e conhecida bifurcação entre o Amor e a dor é a batalha entre a consciência e a inconsciência. Não é preciso errar para aprender, basta ver os erros dos outros e não fazer igual. Não é necessário sofrer a dor do outro para aprendê-la, basta ter consciência dela. Não é preciso ter um ente querido vítima de um acidente de trânsito provocado por uma pessoa embriagada, basta não dar causa, direta ou indireta, à embriaguez. Quem não propaga o consumo de álcool como a missão do homem na Terra sai na frente para não precisar sofrer as dores de ver um familiar vitimado por um acidente de trânsito provocado pelo consumo de álcool. Já aqueles que propagam o álcool como o sentido da vida e o significado de felicidade devem estar prontos para em um dia qualquer poder sofrer os efeitos das causas que criaram. Quem propaga aos outros que devem beber para ser felizes deve estar preparado para sofrer as consequências destas bebedeiras.
Não é necessário sofrer neste mundo, mas é preciso ser coerente, pois o universo é coerente e sendo coerente se está em harmonia com o universo. O universo não é à toa e caótico, tudo está perfeitamente em harmonia, cada ação, seja no plano que for, tem o seu efeito ecoando pelos mais diversos planos de existência. As ações são simples e suas reações também. Quem propaga as causas deve assumir os efeitos. Quem diz ao mundo que deve beber deve assumir os efeitos da bebedeira, seja consigo ou com as pessoas que ama. Quem diz, direta ou indiretamente, a alguém que deve beber, deve estar preparado caso um dia esta pessoa, ao fazer exatamente aquilo que ela propagou, cometa um acidente com efeitos diretos em sua vida. É incoerente, e portanto hipócrita, ficar gritando ao mundo “beba! beba! beba!” e depois ficar chorando por uma pessoa que foi vítima de um acidente provocado por alguém que obedeceu à esta ordem de beber.
Na espiritualidade não há lugar para covardes e não há justificativas covardes para os erros. As leis cósmicas se cumprem e pronto. Ação e reação. Causa e efeito. Vem e pronto. Não é possível se esconder, procurar desculpas ou justificar-se com a mente. É certo que ninguém diz para alguém beber, pegar o carro e sair causando acidentes nas ruas, mas a sociedade diz, direta ou indiretamente, para que todos bebam, seja nas propagandas na mídia mostrando como a vida é feliz com a bebida, seja nas discriminações com quem não bebe e nas instigações ao consumo nas rodas de amigos ou nas infinitas poses “Vejam eu aqui com um copo de bebida na mão, vejam como eu sou descolado, feliz, popular, inserido, bacana e legal.”. As ações são as mesmas: incentivo ao consumo de bebida alcoólica e quem incentiva os outros a beber deve estar preparado para os efeitos deste consumo, como os acidentes de trânsito.
Está na hora da humanidade dar um salto de evolução, evoluir mesmo, em todos os planos. Ter consciência das leis cósmicas entendendo de vez a lei da causa e efeito e a diferença entre os caminhos do Amor e da dor, deixar de ser incoerente e hipócrita e passar a ver as coisas como um todo. É o cúmulo da estupidez uma pessoa achar que pode viver fazendo propaganda do consumo de álcool para o mundo todo, todo o tempo e não querer aceitar os efeitos disto. Na realidade isto é apenas uma característica humana: a covardia. O ser humano é covarde por natureza, está sempre se vendo como o centro do universo e como alguém que acerta por méritos próprios e erra por culpa dos outros. O livre arbítrio é também uma lei e as pessoas têm todo o direito do universo de escolherem propagar o consumo de álcool como o sentido da vida, assim como o universo tem o direito de ajustar os efeitos às suas causas.
A abrangência da propaganda direta do consumo de bebida alcoólica na mídia não se compara à propaganda indireta que gratuitamente fazem os anônimos. O “Veja, eu bebo e sou feliz.” de segundos por vezes da mídia não se compara ao “Veja, eu bebo, sou feliz, descolado e popular.” incessante dos anônimos, que fazendo propaganda gratuita enriquecem mais ainda os fabricantes de bebidas alcoólicas. Qualquer tolo sabe que um acidente de trânsito provocado por alguém embriagado teve como causa o consumo de álcool, mas tendo o consumo de álcool como uma reação deve-se procurar a causa, identificando-se o motivo que levou esta pessoa a consumir álcool. Quem incentiva alguém a jogar lixo na rua deve estar preparado para a enchente que vier à sua casa em razão do entupimento do bueiro. Quem não quiser em nenhum momento sofrer determinados efeitos não pode participar em nenhum momento de suas causas.
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