A conduta é típica: de 2ª à 6ª a pessoa é praticamente um Ghandi na Terra. Tem percepção extra-sensorial, sonhos premonitórios, vê o futuro, sabe o que todo mundo pensa, “é diferente” (nunca vi uma pessoa no mundo dizer que era igual ao outro), tem sensibilidade apurada, está absolutamente revoltada com o mundo, rebela-se contra toda violência, acha a humanidade atrasada, acha que o mundo não tem mais jeito, acha que tudo não tem mais jeito e que ninguém lhe entende. Então, chega 6ª-feira à noite, o sabadão, domingão, férias e feriadão. Aí surge a festa, o sexo desenfreado, o cigarro, a bebida, as drogas, a perda da consciência, a harmonização com baixas energias, a freqüência em ambientes pesados com pessoas com energias pesadas, surge a “felicidade” em estar ambientes repletos de espíritos obsessores e tudo mais. Muitos místicos e esotéricos adoram falar “ai, religiosos são todos hipócritas, vão na igreja e depois ficam falando mal dos outros”, entretanto, há muitos místicos e esotéricos que vivem isso: dia de semana, quando não podem sair e perder a consciência, quando precisam acordar cedo no outro dia pra bater cartão no trabalho são a reencarnação do Sidarta Gautama; no fim de semana, quando podem acordar com o corpo destruído pelo cansaço, destruído pela ressaca, são outras pessoas. A espiritualidade se torna como conversa de boteco, aquelas conversas que reúnem um grupo de pessoas irremediavelmente revoltadas contra o sistema e que nos seus ânimos aflorados pelo álcool criam mil planos mirabolantes para tomar os meios de produção, mas, que no outro dia são esquecidos, ou pela ressaca, ou pelo gongo do trabalho. Quando a pessoa está presa à responsabilidade de manter a consciência, ela é Jesus, quando pode estourar o corpo e o cérebro com tudo que é porcaria, está “sendo feliz”. Basta ter a oportunidade.
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