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  • Rudy Rafael

O Flamengo é maior que o Brasil



Um time sem técnico, desestruturado, jogadores brigando entre si, que vão de encontro à hierarquia da instituição achando que o empregado é maior que a empresa, uma zaga que não passa um jogo sem levar gol, um atacante que não marca, não treina e pede pra Deus perdoar as pessoas ruins. Tá certo que o festerê rola solto no Flamengo desde sempre, mas tudo isso logo antes do jogo mais importante do ano faria até Don Corleone coçar a careca. Ao invés de terem assado a batata de uma vez contra os monotítulo, quando não valia nada na vera, foram fazer baguncinha na semana mais importante de 2.010 para todos os 45 milhões de rubro-negros espalhados por todo o globo. O cenário de catástrofe que vinha se desenhando agora é nítido, cristalino e infeliz.

Pra quem acredita que Deus é justo e em todas as leis físicas, místicas, esotéricas, espíritas, junguianas, darwinistas e george luquianas, não há como esperar um resultado diferente. O time de camiseta sem graça tem tudo pra passar pelo Flamengo e tentar conquistar o desesperado título intercontinental em que é o único de seu condado que não possui. Time arrumadinho, técnico brotherzão, planejamento de anos e muito jogador de peso. Um time que há mais de 3 anos está fantasiando a Libertadores vai enfrentar o Flamengo assim, do jeito que tá, no maior auê e coisa boa não é há de se esperar. Mas o que faz com que mesmo tendo este 2.012 aí escancarado pra todo mundo ver, ouvir e ler a torcida do Flamengo ainda esteja ali dando seu apoio incondicional ao time vergonha, vergonha, time sem vergonha?

Ser Flamengo nunca foi fácil. Nada no Maior do Mundo vem fácil. É tudo nos centavinhos, na continha, na calculadora e na pendura, mas o rubro-negro ta aí. Mesmo com 17 anos sem nenhum título que faça jus ao tamanho do Maior do Mundo o torcedor nunca deixou seu time, nunca ficou como a new generation que torce “pro futebol arte” e todo mês tem que chamar o vizinho pra aumentar o cabideiro pra pendurar camisetas feias de outros times. Para o rubro-negro não tem essa de torcer pra outro time, ele torce pro Flamengo e gosta mais do Flamengo do que de futebol e se a namorada vacilar e quiser competir com o Mengão ele termina até por scrap. Tem gente que gostar de sofrer e ser Flamengo é sofrer e em um torneio como este não poderia ser diferente, ainda mais com o Mengão. Quem acompanha a vida de um eleito sabe como é. O time sempre ali nas últimas, urubu morto mesmo, não aguenta nem mordida na orelha, mas o torcedor tá ali empurrando o time, incondicionalmente, que nem mãe falando pro filho que ele é bonito.

O time sem tática, correndo no desespero pra tudo que é canto e de tudo que é jeito, sem técnico e a única coisa que resta é a torcida. Mas será que é preciso de outra coisa? Torcedor recalcado de time rebaixado, sem torcida e sem títulos costuma dizer que torcida não ganha jogo. Diz isso porque não usufrui da maior do Mundo. Hoje, há 2 dias da pelada contra os recém-egressos da segunda divisão, o Mengão não tem nada além de sua torcida. Torcida maltratada, surrada e que mesmo assim continua ali compensando com o seu suor o suor que falta aos 11 bacanas que vão ter a sagrada benção de vestir o manto na peleia. A torcida do Flamengo vai suar e sangrar com o time, aconteça o que acontecer, vença ou vença.

Ser Flamengo é vencer, vencer, vencer, mas acima de tudo é dar o sangue, é dar a vida, é saber que é a única coisa que não vai mudar em sua vida. É algo seu até que a morte separe. Ser Flamengo é entender que a torcida é o 12.º jogador e que com Ela não tem pra ninguém. A torcida do Flamengo não foi convocada para torcer pelo time, ela se convoca, ela vai, ela não aceita deixar o time na mão. Xinga quando tem que xingar, grita, esperneia, mas está ali, reclama sem tremeliques de mal instruídos que manifestam sua revolta dos jeitos mais pequenos possíveis,  como os que em um dia queimam a camiseta do time e no outro estão comemorando. Não é como torcedor de 2ª e 3ª que só aparece no festerê de campeonato de par ou ímpar; ela está ali, sempre. Seja no estádio ou nas inúmeras embaixadas espalhadas pelo mundo o coro é um só e a egrégora flamenga se une porque é uma nação.

O Flamengo não merece classificar e apenas um milagre faria isso acontecer, mas o rubro-negro não se importa. Quarta-feira, 28 de abril de 2.010, o Brasil vai parar. A nação vai mostrar que é maior que o Brasil, vai dar a cara, o vermelho e preto vai tomar conta do país da bola e não há copinha do mundo que possa com isso. A torcida do Brasil, esta mesma torcida que só torce de 4 em 4 e quando o time ganha, vai ver o que é ser uma verdadeira nação, o que é torcer na alegria e na tristeza; esta mesma torcida da selecinha que vaia quando o time está vencendo por 4 x 0 achando que é pouco, vai ver o que são 45 milhões de eleitos explodindo de felicidade por 1 gol aos 48 minutos do 2.º tempo, esta torcida que só sente o que é ser brasileiro por um mês a cada 4 anos vai ver o que é ser rubro-negro todos dias da sua vida.

Nem os astros sabem quem passará, a única coisa que o mundo sabe é o que é a torcida do Flamengo e todo aquele que queira honrar o cargo de sapiens sapiens não pode cuspir no molhado e querer falar um A desta torcida. A nação vai comparecer no estádio e fechar o país todo, em cada tv haverá um rubro-negro mandando carga positiva pro Mengão; não porque quer ajudar os 11 legais a passar de fase e juntar mais bufunfa na carteira pra festejar o Créu, mas porque ela sabe que está acima disto. Ela é para o Flamengo e pelo Flamengo e se os 11 bacanas não honrarem o manto ela estará lá para mostrar o que é ser Flamengo e cada pessoa em cada parte deste país irá testemunhar que o Flamengo é maior que o Brasil. E nada pode mudar isso.

Uma vez Flamengo sempre Flamengo.

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