Quando se fala em mundo, todo mundo tem algo a reclamar e a apontar ao outro. Para cada um é o outro está errado, o outro tem que mudar, o outro está no caminho errado, o outro faz infinitas coisas erradas e assim nada muda. As pessoas tiram de si a responsabilidade de fazer a sua parte e criam uma utopia de que se os outros mudarem o mundo mudará. Todo mundo tem que mudar menos nós mesmos. Todos são imperfeitos menos nós. O auto-conhecimento sempre foi deturpado e escondido por infinitas razões (que não convém a falar sobre isso agora) e o homem continua jogando para os outros a responsabilidade de mudar. Pergunte a qualquer pessoa: “qual o problema do mundo?”. As respostas serão sempre as mesmas: “as pessoas fazem isso, isso e isso” e “as pessoas são aquilo, aquilo e aquilo” mas nunca irão dizer: “eu sou assim, assim e assim e devo mudar”.
Pensar em si e amar a si foi maculado e virou “arrogância”, “egocentrismo”, “egoísmo”, “orgulho” e tudo o mais o que o pejorativo consegue conceber. Disseram às pessoas que pensar em si e sobre si é algo errado e que elas devem pensar nos outros. Acabaram esquecendo de si e quando esqueceram de si esqueceram o que devem mudar em si mesmos. Acabaram pensando nos outros e quando pensam nos outros pensam no que os outros devem mudar e assim nada muda. O único jeito de algo mudar é o homem tornando-se mais egocêntrico e fazendo de si mesmo o objeto de seu estudo, prática, conhecimento e mudança. Nosso corpo forma um organismo completo. Cada célula trabalha cooperativamente e de forma perfeita. Cada célula executa seu trabalho sem esperar que a outra faça o dela e assim nosso organismo é vivo. Assim é com o mundo.
O egocêntrico é diferente do egoísta. Ele coloca-se como centro de algo tornando-se seu próprio foco. O foco deixa de ser mudar os outros para mudar a si mesmo. O egoísta coloca seus interesses acima do dos outros. São coisas diferentes. Se cada pessoa pensasse em si e fazer a sua própria parte o todo, o mundo, mudaria, seria um lugar melhor. E, quando falo disso não me refiro apenas em jogar o lixo no lixo mas em mudar a si mesmo em toda sua estrutura. Evolução não é apenas não fazer o mal, pagar seus impostos e não infringir leis. Ter consciência sobre seus deveres consigo mesmo, com a sociedade e com o meio ambiente onde vive é algo natural e comum. Jogar o lixo no lixo não deve ser considerado um ato de iluminação mas algo natural assim como respeitar o próximo, cuidar do próprio corpo e etc.
Evolução, no sentido de transceder sua realidade à uma nova realidade, a transcendência da matéria e a busca por uma realidade superior e isto só se será possível através do Egocentrismo. O Egocentrismo nos faz parar de ficar procurando defeitos nos outros e olhar mais a nós mesmos e assim começamos a mudar. Uma pessoa que vive a pensar nos outros não consegue ver o que tem de errado em si mesmo assim como não sabe que a partir do momento que ela muda ela melhora a vida do outro pois o outro também é afetado pela vida dela. As pessoas não precisam ser mudadas por nós, nós devemos mudar a nós mesmos e quando mudamos a nós mesmos cumprimos a nossa tarefa com o mundo. Ghandi não disse à toa: “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Não disseram “Conhece o outro” mas “conhece-te a ti mesmo”.
E tudo isso só é possível na medida em que o homem começa a olhar para si mesmo e para o seu próprio umbigo e assim enxergar seus defeitos e suas imperfeições. Quando uma alma se eleva o mundo se eleva e a única forma de uma alma se elevar é através da auto-análise, do auto-conhecimento e do Egocentrismo. O homem é um microcosmo e deve ver-se como um foco, como seu próprio objetivo e assim começam as mudanças. Ninguém deve ficar apontando os defeitos dos outros e aquilo que os outros devem fazer mas deve pensar em si mesmo, colocar-se como foco e centro de tudo e assim mudar. Devemos nos concentrar em nós e não nos outros. Se cada um pensar em mudar a si mesmo, na soma de várias mudanças, no conjunto, isto fará o mundo mudar.